terça-feira, 1 de abril de 2008

verdades

Taí mais uma crônica minha fazendo uma análise boba, porém sincera, do que eu entendo de franqueza e sinceridade. Pra mim são duas coisas distintas com o mesmo objetivo, assim como o sarcasmo e a ironia.

Boa leitura!

Da sinceridade e da franqueza


Que diabo é isso na sua mão?

Toma. (e joga o negócio praticamente no peito do outro)

Putz grila... urg... que é isso, velho?

Não tá vendo? Bem, se vira.

Esta situação é bastante comum no nosso dia-a-dia. Freqüentemente encontramo-nos com pessoas que têm como característica a franqueza. Franqueza é o ato de uma pessoa dizer para outra o que tem de ser dito, sem muito se preocupar com o como, com o processo. A franqueza prioriza os fins e não os finais e, por isso, não raro, ela machuca. Tentemos imaginar que objeto é esse que o amigo “entrega” ao outro. Pela expressão do que recebe, pode ser uma bola de boliche, ou uma jaca de 10k. Assemelha-se em peso, forma, textura e impacto quando jogado.

Na verdade, somos muito ingênuos quando pedimos às pessoas que sejam francas conosco. Mal sabemos que a franqueza é quase um estado de espírito. Quando alguém pede que sejamos francos, realmente temos que prevenir. Penso que isso seja até uma forma de preparar o indivíduo, fazer com que ela olhe bem para o “objeto” que será arremessado de nossas mãos em direção ao seu peito. Chamar a atenção não basta, é necessário realmente arremessar a bola de boliche no peito do outro.

Seja franco: eu estou bonita?

Mais ou menos...

Como assim, “mais ou menos”?

Uai, não tá nem tão bonita, nem tão feia.

Rensga, pensei que você fosse um pouco mais sensível.

Temos aí um caso engraçado. A moça pede ao companheiro que seja franco com ela. Ele é, mas parece que não é num primeiro momento. Ao tirar a prova dos nove, ela aí o chama de grosso. Mas que é a franqueza se não um tipo de grosseria – algumas vezes – consentida pelo outro? A franqueza pede que encurtemos o assunto e digamos logo o contexto, sem rodeios.

Algumas pessoas acham que sinceridade e franqueza são a mesma coisa.

Nossa, você ficou horrorosa nesse vestido listado. Tá parecendo uma baleia de tão gorda. Listas horizontais engordam, sabia não?

Não pedi sua opinião...

Ai... agora vai fazer biquinho? Ah, tenha dó.

Nesse caso aí, a primeira personagem poderia ter sido um pouco mais delicada com a amiga. Não é porque são amigas que podem se esfolar. Isso inclusive desgasta. Qualquer relação. Ela bem que poderia ter escolhido melhor algumas palavras para dizer o que achava, afinal, era amiga da outra e queria o melhor para ela. Nem sempre se consegue isso dizendo a verdade nua e totalmente crua. A verdade não precisa ser moldada para ser dita, porém, às vezes, precisa de um toque de sensibilidade para não ferir o outro. A não ser, claro, quando o outro pede a ferida. Aí a responsabilidade realmente não deve ficar conosco, mesmo muitas vezes, com nosso remorso, ficando.

Mas aí entra a sinceridade.

Que diabo é isso nas suas mãos?

Cara, eu não sei ao certo, mas garanto que pode te machucar.

Deixa eu ver, deixa eu ver, joga aqui, joga!

Se você quer mesmo, prepare-se, pois pode te machucar, é pesado e você nunca agarrou um desses antes. Eu tenho de arremessá-lo no seu peito, portanto, por mais que doa, saiba que estou fazendo isso porque é necessário.

Beleza, manda aí, manda aí!

Toma.

Putz grila... urg... que é isso, velho?

Não tá vendo? É uma bola de boliche, pesadíssima, e se você não se cuidar, ela ainda vai te machucar muitas vezes!

Sinceridade é o ato de você dizer o que tem de ser dito sem, contudo, deixar de se preocupar em como o outro vai receber. Geralmente demora um pouco mais, é para quando se tem tempo ou muita preocupação com o outro. Pessoas sinceras são vistas como pessoas que de alguma maneira se preocupam com o outro. Pessoas francas preocupam-se apenas em informar o outro. Um preocupa-se com o receptor e com a mensagem, o outro, só com a mensagem.

Entretanto, apesar de o texto colocar a sinceridade como sendo a forma ideal de se dizer algo a alguém e a franqueza como segunda opção, há casos em que essa ordem se inverte. Há casos em que você necessita dizer algo para impressionar. Para que usar a sinceridade? Geralmente quando contamos histórias reais, gostamos de ser francos (e às vezes um pouco mentirosos, “quem conta um conto...”), pois isso confere mais interesse à história. Já se formos sinceros, se ficarmos escolhendo palavras demais, o outro perde, logo, o interesse pela história. Por isso é que cada uma tem sua função e hora exata para ser usada.

2 comentários:

PenDragoon disse...

poxa, boa explicação, msm eu achando q as 2 no fim acabam da msm maneira. Se a pessoa pensar direito ou estiver com 'a pá virada', vc pode ser sincero o maximo possivel que ela vai achar um termo mal colocado na sua sinceridade.
gostei, vo usar isso com as gurias.

uhauhauhauh
^^

Paula § Danna disse...

eu sempre achei que era a sinceridade que machucava as pessoas, agora vejo diferente... franqueza excessiva é que faz isso!

ponto pra ti, fessor!