quinta-feira, 25 de abril de 2013

COMO COMEÇAR UM TEXTO ARGUMENTATIVO?

“Atualmente”, “no mundo em que vivemos”, “a sociedade contemporânea passa por um problema” “cada vez mais comum”: como começar um texto?
Certamente não é usando chavões como esses aí de cima. A ideia de “como” se iniciar um texto argumentativo (uma dissertação, por exemplo) persegue a maioria dos estudantes e dos Professores de Redação. Portanto, não se sinta excluído por ter dificuldade em fazer isso.
A verdade é que não existe um jeito certo de iniciar uma redação, e as múltiplas possibilidades de fazê-lo sequer podem ser compiladas num post como esse.
Algumas ideias cristalizadas de introdução nos manuais de redação partem da noção de que se DEVE, no início do texto, fazer uma SÍNTESE de tudo o que se vai discutir na dissertação;  necessariamente apresentar uma TESE já no primeiro parágrafo; citar pelo menos TRÊS ASSUNTOS que serão abordados no desenvolvimento. Nada disso, porém, constitui uma verdade absoluta, mas tudo isso é absolutamente possível.
Uma dica infalível para melhorar esse travamento na hora de encostar a caneta no papel pela primeira vez é a de selecionar artigos de bons escritores, jornalistas e pensadores e isolar somente os parágrafos introdutórios. Depois de isolados, a ideia é tentar identificar os conteúdos trabalhados por esses autores nesse início de texto. Obviamente, muitos deles farão o que se ensinou na escola a vida inteira: síntese do texto + três argumentos + tese. Outros dirão coisas que não serão compreensíveis se não se ler o resto do texto.
Os melhores textos, no entanto, não visitam o lugar-comum. Costumam conduzir-nos por caminhos estranhos, irreconhecíveis, inusitados, chocantes e, por que não, poéticos. A introdução deve ser um apelo para o leitor continuar lendo seu texto. Se você conseguir impressioná-lo com um discurso instigante ou cativante, ele vai continuar lendo seu texto e pode até passar a acreditar em você.
Outra dica importante é refazer as introduções-clichês de redações passadas. Sabe aquela redação que você saiu mal pra caramba? Ela certamente tem uma introdução terrível e é uma ótima candidata à reescrita (da introdução E da redação).
Aliás, reescrever é uma tarefa que todos – TODOS – deveriam ter como prática para aperfeiçoamento textual. Releia e reescreva seus textos, você vai crescer com isso.
Mas vamos ao que interessa, pra você não ficar pensando que eu te iludi falando sobre introdução e não falando de como fazê-lo. Aqui vão algumas dicas que podem ajudá-lo a começar seu texto:
Alusão histórica
Começar o texto fazendo uma breve referência a um fato histórico relevante ao tema é um jeito simples e eficiente de começar o texto. Lembre-se: seu leitor precisa acercar-se do assunto, precisa estar basicamente informado sobre o tema para compreender seus argumentos. Evite, porém, aqueles fatos mais manjados, tais como Revolução Industrial ou Escravidão no Brasil. Opte por aqueles mais discutidos na contemporaneidade, sobretudo no âmbito da história cultural.
Definição (ou verbete)
Às vezes o tema tem um foco interessante que merece ser conceituado. Iniciar o texto já com esse foco, definindo-o, é um bom modo de colocar seu leitor a par do que você quer discutir. Exemplo: o tema é (UFG) As formas de vigilância e o controle do corpo. Você pode iniciar seu texto definindo, como num dicionário ou numa enciclopédia, o que é CORPO;
Enumeração de tópicos (exemplificação ou topicalização)
Há temas que, só de lê-lo, já imaginamos uma série de exemplos. É o que ocorre quando temas relacionados à tecnologia são pedidos. Você pode iniciar seu texto jogando, aparentemente de modo displicente, os dispositivos eletrônicos relacionados à tecnologia daquele tema. Exemplo: “Celulares, tablets, câmeras digitais, smartphones, ultrabooks, notebooks, netbooks... Não há quem não reconheça a importância desses dispositivos na vida do homem contemporâneo.”
Declaração inicial
Esse é um jeito comum, porém, se feito adequadamente, pode causar um efeito interessante no leitor, já que inicia o texto com uma afirmação forte que pode sugerir uma argumentação consistente. Imaginemos um tema como os do ENEM, sempre simples e relativamente fáceis de lidar, como (ENEM) O fluxo imigratório para o Brasil no século XXI. Exemplo: “O Brasil não é um país xenófobo. Prova disso é que tem recebido nos últimos anos (e por que não dizer séculos?) um fluxo de povos do mundo inteiro pelas mais diversas razões: guerras, pobreza, proximidades territorial e linguística e, como tem ocorrido mais recentemente, crises econômicas.” Notou o início? Olha que afirmação categórica!
Perguntas didáticas
Perguntas dessa natureza orientam o leitor sobre o que vai ler no seu texto. Não constitui erro começar o texto já lançando essas perguntas, desde que, obviamente, elas sejam devidamente respondidas ao longo da leitura. Para um texto com uma média de 30 linhas, é bom ter em mente que não dá pra responder adequadamente oito perguntas. De três a cinco é o recomendável. De preferência, faça perguntas que remetam à causalidade. Ou seja, uma pergunta faz ponte para a outra.
Citação
Ao contrário do que muita gente diz, não é só a citação de autoridade que constitui um elemento relevante para a argumentação. Às vezes, citar estultices ditas por aí, já no início do texto, ajudam a fomentar um projeto de texto crítico e que visa desconstruir a citação. Exemplo: "'Covardia pegarem vídeos de 10, 12 e até 14 anos atrás para me ridicularizarem. Vivo em outro tempo. Querem destruir a imagem dos evangélicos', disse o pastor e Deputado Federal Marco Feliciano em seu Twitter, no dia 19 de abril. Não é preciso retornar a esses vídeos para compreender a dificuldade dele em administrar suas falas. Basta ler a frase novamente para perceber que ele se julga a imagem do neopentecostalismo no Brasil. Quando se critica Marco Feliciano não se implica, necessariamente, fazer uma crítica para ‘destruir’ os evangélicos, mas para demonstrar a incoerência do discurso do pastor/deputado.”
Ilustração ficcional narrativa
Esse recurso, pouco explorado em redações escolares e pouco estimulado por professores, leva em conta uma mescla de discursos. Dizendo de passagem, praticamente todo texto se compõe de uma mescla de discursos, como o expositivo e o argumentativo. O que se propõe nesse tipo de introdução é um pouco mais ousado. Iniciar o texto como se fosse contar uma história é a ideia aqui. Vamos supor que o tema seja ligado ao meio biofísico, tal como a mobilidade urbana, assunto muito pertinente hoje. É possível começar o texto assim: “Sérgio e Augusto são executivos de uma empresa. Sérgio sai de casa antes das seis, para dar tempo de enfrentar o trânsito. Augusto também sai antes das seis, para curtir a paisagem enquanto dirige-se à companhia. Sérgio, invariavelmente, chega estressado ao trabalho. Augusto, às vezes, chega um pouco suado. Sérgio contribui com o trânsito ruim que ele tanto odeia. Augusto ajuda o trânsito de Sérgio a ser um pouco melhor. Sérgio vai de carro; Augusto, de bicicleta.” Depois de iniciar o texto assim, é legal digressionar no parágrafo seguinte que se trata de uma ficção imitando uma realidade. O leitor se envolve com histórias. Mais adiante, é possível também retomar, metonimicamente, os personagens (“Precisamos de mais Augustos e menos Sérgios para o trânsito melhorar”)
Tradicional
Por fim, não custa nada dar uma repassada naquela introdução tradicional ensinada há tantos anos e, não por acaso, também eficiente quando bem feita. A ideia é discorrer brevemente sobre o tema tendo em mente que esse “brevemente” vai se tornar o desenvolvimento da redação. Além disso, é importante apresentar uma tese, que vem a ser aquela opinião geral que temos sobre o tema. Usando um tema da FUVEST (Um mundo por imagens), vamos apresentar um exemplo: “As imagens compõem a vida de todos diariamente. Elas emocionam, chocam, informam, ajudam e atrapalham. Antes de tudo, porém, as imagens representam. E é o que se faz dessa representação que pode definir estes papéis sociais que as pessoas desempenham todos os dias: representantes e representados”.
Existem mil maneiras diferentes de se iniciar um texto. Não quero aqui limitar sua imaginação a apenas esses modos que sugeri. Gostaria, na verdade, que isso servisse para que você vislumbrasse outras possibilidades, além dessas. Saiba: não existe uma regra absoluta para a introdução, a não ser a de que ela serve para iniciar o texto. Somente isso. O que queremos dizer no início do nosso texto deve estar relacionado ao tema que se pretende abordar, ao projeto de texto que se pretende fazer, à intencionalidade que se quer sugestionar ao leitor. Lembre-se, você escreve para alguém. Sempre!
Não existem fórmulas prontas e acabadas sobre como fazer um texto; existem tópicos que são importantes de aparecer nos gêneros os quais redigimos. É nesta pergunta que você tem de se apegar: “o que eu pretendo dizer ao meu leitor?” Eu adianto uma resposta: diga o que vai mexer com ele e, possivelmente, trazê-lo para seu mundo.


P.S.: Este texto é de utilidade pública. Assim, se você o achou pertinente, compartilhe-o, tire cópias, cole no mural de sua escola, leia-o para seus amigos, publique no seu blog ou site, use-o em sala, mande por cartas para amigos com dificuldade de escrita, enfim. Só cobro o crédito. Mas o texto agora é seu também :)


terça-feira, 22 de janeiro de 2013

mais estranho que uma laranja mecânica


Quando videei na internetnet que iriam lançar Laranja mecânica numa edição horrorshow mesmo, com ilustrações do Dave Mckean, Oscar Grillo e Angeli, pensei: - Que oportunidade bolshi de ler a obra que eu nunca tive, Ó, meus queridos amigos e irmãos.
Senti-me completamente imerso no universo de Anthony Burgess e, por Bog, tive vários snitis enquanto dormia sobre a história. O texto é absolutamente envolvente e eu não consegui parar de ler enquanto meus glazis não ficavam tipo assim muito cansados e meu ploti não aguentava mais.
Comparando o livro com o filme de Stanley Kubrick (algo como comparar piano e saxofone), nota-se o brilhantismo de Burgess muito bem traduzido nas imagens e edições do diretor novaiorquino. O filme é mais engraçado, um humor tipo assim horrorshow mesmo, com poucas incursões do narrador, como naturalmente é de se esperar na cinedramaturgia. Você reconhece o Tim Burtom, o Tarantino e o Guy Ritchie como gente que sofreu alguma influência daquela obra.
Voltando ao livro, de início eu tentei ler sem acessar o farto material que o acompanha. A saber: uma nota de tradução, de Fábio Fernandes e o glossário nadsat, além de vários extras do Burgess, cópias de originais com anotações do autor e essa kal total. Percebendo que ia ser um malenk difícil compreender a obra, decidi por itiar para os capítulos com a marcação do glossário à ruka para a hora que eu precisasse, apesar de o tradutor não recomendar isso. E, Ó, meus queridos irmãos e amigos, tive de recorrer diversas vezes, porque havia momentos em que eu ficava completamente perdido e aquela kal total. Mas dá pra sluchar o shom da goloz de Alex, sarcástica e bela, durante toda a leitura, mesmo sem consultar o glossário. Ora, ora, ora, ora, ora, ora. Não me queiram diminuir por esta malenk fraqueza, sim?
Terminei a obra com os zubis à mostra de tanta empolgação e corri para ver a versão cine-cínico. A todos os meus druguis loucos por literatura e cinema como Vosso Humilde Narrador, sugiro que kupetem esta obra com o cortador que tiverem nos karmans. E se você é uma devotchka ou um maltchik esperto, sugiro itiar hoje mesmo a uma livraria horrorshow e ingressar nesta narrativa completamente odinoki, depois podemos govoretar tranquilamente sobre ela, caso tu estejas inclinado a um marco da literatura pop desse já século starre que é o século XX.
Não entendeu nada? Sugiro este site, que tem o glossário nadsat na versão do tradutor Fábio Fernandes.