sábado, 27 de dezembro de 2008

contodeférias


Bilhar

 

Estoura. O quinze cai na caçapa do canto superior esquerdo. A porta se abre silenciosamente. As bolas espalhadas, sabe que é ímpar e mira a três na caçapa do meio direito. Passo a passo, caminha em direção ao quarto. O Honda na porta indica que ela não está sozinha. O triângulo já se desfez completamente e há o onze e o cinco em médias e oblíquas distâncias das caçapas inferiores. Ainda na cozinha, tira a faca do jogo de churrasco: a mais larga, pra não restar dúvida. Tacada silenciosa, macia e longa. Olha por sobre a mesa, os desenhos estão perfeitos e fáceis. Ouve-se, bem baixo, gemidos e sussurros entredentes. A faca, nas costas, esconde a adrenalina a mil correndo por todos os vasos sanguíneos. O coração bate mais retumbante na tacada da sete, pois que a bola branca está quase encostada nela e a boca que se deseja está no canto oposto. Estranhamente deixa a faca sobre o aparador da sala, enquanto atravessa o ambiente. Ao invés de rumar ao quarto, dá passos laterais em direção ao criado do telefone preto de discar – um mimo de setenta e seis reais “pra dar um charme retrô à sala” – desgraçada. Abre sua gaveta com cuidado. O ranger da madeira pode levantar suspeitas. A sete pára na boca e um silêncio se faz, momentaneamente, na casa, ainda com a gaveta a meia abertura. Nem respira. “Tem alguém aí?”, “Posso jogar agora?”. Nem chega a abrir a porta do quarto (parece nem levantar da cama), erra a oito que estava a um pelo da caçapa do meio esquerdo. De dentro da gaveta, retira o tampo falso e pega a pistola semiautomática. A sete agora é engolida suavemente. Ajeita o taco no vinco dos dedos, fecha um olho a quase noventa graus do corpo com a mesa, visa a cinco, que ainda está no mesmo lugar. Olha com um olho pela fechadura, num ângulo de quase noventa graus. O movimento é ofegante e parece estar perto do clímax. A nove no meio do tapete verde já tem sua morte decretada: caçapa superior direita. Gira a maçaneta com a mão ruim, enquanto a boa empunha a pistola, que entra antes do braço no quarto. Na ré, a treze morre numa tabela magnífica e precisa. Aponta então para o ás, esperto que come sua mulher enquanto ele sai com os amigos para uma sinuquinha. “Ã?” Um tiro preciso na cara do número 1.



Fim da sinuca.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Carla, no volante do Tutu que levou a gente

Íngrid

 

Viajar com família é bom, eu já havia me esquecido, tanto tempo faz que não viajo com ela. Ta certo que não é com todo mundo. Estamos em quatro aqui em Curitiba: eu, Lorens, Carla e Fernanda (essas duas, minhas irmãs). A viagem foi uma loucura. Saímos de Goiânia umas 6 da manhã, paramos de verdade apenas duas vezes de lá até aqui. As outras paradas, xixi e pedágios (como tem pedágio de lá pra cá!) foram rapidíssimas, coisa de cinco minutos cada. Chegamos a Curitiba às 8 da noite e fomos procurar nosso hotel, a Lorenna esqueceu de anotar os dados do hotel de onde ela fez reserva (eheheh).

Achado o hotel, tomamos banho, jantamos uma janta digna de pedreiro e agora estou repassando o dia aqui no Blog, fazendo jus ao gênero surgido em 1999 de fazer um diário aberto.

A viagem foi divertidíssima, essas mulheres são umas figuras. Viemos de lá até aqui distorcendo a língua portuguesa e usando expressões das mais idiotas.

- Ow, esse carro não sobe bem só quando a subida é “íngride”;

- A curva de nível favorece a “declinicidade” da água da chuva, evitando a erosão;

- Lá vai ter “menas” gente do que esperamos;

- Ela não tem “cacique” pra isso;

- Nossa, esse “pedálgio” ficou caro, hein?

- Tava mexendo com “dogras”;

Entre tantas outras que não vou me lembrar agora.

Tomamos três chuvas do cacete, achei que o mundo ia acabar. Achei que a chuva queria bater no carro, tão forte que ela tava. Fez sol em uns pedaços e a Carla, no seu pezinho 33/34 pisava fundo. Chegamos a 160 km/h sem sentir, o carro é bom pra carai. Mas só quando tava seco, porque quando chovia, só via nego rezando, ehehehehe.

Amanhã cedo estamos partindo pra Floripa. Acho que lá vai estar o maior sol. Espero mesmo que esteja, pois essa viagem, além de estar me custando caro, ainda tem que compensar todo esforço e planejamento pra ela. Devemos encontrar no sábado com minha outra irmã, meu cunhado e sobrinhos. Minha prima e meu primo também vão pra Floripa, mas pra ficar em outra casa. Vai ser farra nessas praias, viu.

Amanhã eu volto pra postar mais.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

viagem


Sim, estou de férias. Nada melhor no mundo do que sexo, chocolate, Playstation II e... Férias!
Estou saindo de viagem dia 25 e só devo retornar dia 6 do ano que vem. Vou pra Florianópolis. Nem estou empolgado, imagine.
Vou fazer desse blog o sentido original do gênero: um diário aberto. Quero tirar muitas fotos de onde estarei e tentarei falar um pouco do que verei e do que viverei lá no Sul.
Dá uma olhadinha na praia de lá. Bonitinha, né não?
Abraços aos leitores e leitoras que me acompanham!

crônica

- Advinha?
- Sei lá.
- Não, sério, advinha.
- Po, não sei, fala logo de uma vez.
- Ah, vai, dá um chute.
- Ta: saiu com a Genoveva?
- Não.
- Então com quem?
- Não, não é isso.
- Mas eu não sei do que se trata, será que você pode desembuchar e falar logo? To perdendo a curiosidade!
- Vou trabalhar no sábado!
- ...
- Paia, né?
- Paia é você gerar suspense pra uma coisa tão estupidamente insignificante pra mim!!
- Não, mas vai rolar uma graninha massa.
- Pelo menos, né?
- Chuta quanto?
- Ah, não, de novo não...
- Chuta, vai!
- 477 reais.
- Nããããão! Cinquentão!
- Caramba, você vai trabalhar no sábado pra ganhar “cinquentão”?
- E o melhor você não sabe.
- Quê?
- Você não faz nem idéia?
- Nenhuma.
- Arrisca.
- Cara, arrisca o quê? Não to ganhando nada com isso!
- Um palpite, pelo menos, vai?
- Não sei, você vai ser contratado definitivamente?!?
- Nada disso!!! Vai ter lanche às 10 da manhã!
- Nossa... que bom, hein... assim você não morre de fome...
- Pois é, e o chefe ainda me disse o quê? Ahn?
- Ahn?
- Não vai nem tentar?
- Nem quero, pra ser franco.
- Cara, você não vai acreditar.
- Talvez até acredite, pra encurtar logo o papo.
- Ele falou. Que vai contratar. Mais uma menina. Pra RECEPÇÃO! PIRA?
- Nossa. To chocado.
- Mesmo?
- Mesmo, não vê que estou saltitante? ¬¬
- E além de tudo, sabe o quê?
- O quê, Deoclécio, o quê??? Fala de uma vez!!
- Você vai ficar bege...
- Eu já to roxo de agonia!!
- Vê se pode!
- Verei, se você disser. Mas já adianto que pode.
- Ela é lá de Faina.
- Noooooossa, mas isso é muito relevante.
- Sério, você não está debochando?
- Puta que pariu, Deoclécio, você ta um pé no saco...
- Por quê?
- Advinha.