tag:blogger.com,1999:blog-26322377382704194582024-03-19T14:04:34.805-07:00.tessitura emaranhada.Blog de um professor que um dia acreditou ser isso aqui um gênero discursivo. Hoje, mais familiarizado a ele, percebe que trata-se, muito mais, de um veículo de comunicação do que de um gênero único. Foi por isso que decidi me comunicar com as pessoas através dele: por causa da possibilidade do interdiscurso..guga valente.http://www.blogger.com/profile/18354027499523198469noreply@blogger.comBlogger107125tag:blogger.com,1999:blog-2632237738270419458.post-83178728866774297732014-04-22T18:23:00.006-07:002014-04-22T18:23:47.631-07:00os olhos declarados<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Depois de quase um ano sem postar aqui, segue um conto fantástico inspirado.... bem, não vou contar, rs.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Já considerava aquilo um ritual. Todos os dias, assim que
chegava do colégio de tempo integral, o jovem Narciso (que nada em comum tinha
com o mito grego) entrava para o quarto alegando estudar para, na verdade,
dedicar-se a outra atividade. Prevendo que poderia ser interrompido pela mãe ou
pela irmã mais nova, ele deixava os livros abertos bem próximos de onde se
posicionava, caso precisasse provar sua desculpa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Todos os dias era a mesma coisa. Por morar em um condomínio
de luxo, havia muitas casas grandiosas perto da dele, onde garotas revezavam-se
nuas em seus quartos depois ou antes do banho. Ou mesmo preparando-se para
dormir ou levantar. Ele conhecia o horário de todas. Marcinha, às 19h, tomava
seu banho religiosamente. Às seis da manhã, Clarice se levantava nua e ia
direto ao banheiro antes de ir para a aula. No mais tardar da noite, era
Letícia quem tirava sempre a parte de cima na janela, enquanto a parte debaixo
ele nunca vira. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Uma casa acabou de ser construída logo à frente da sua. Nela,
havia uma jovem que ele não sabia o nome e que, por sorte dele, também se
trocava em frente à janela. Ficava completamente nua. Apesar do olhar estranho
e nem uma gota sedutor dela, só o corpo o interessava. Com essa tinha de ter
mais cuidado. A cortina sempre fechada, apenas com uma fresta aberta. Com ela
nem de binóculos precisava, estava muito perto. Na primeira semana, já havia
decorado o corpo da garota (de quem ainda não tinha notícia como se chamava). E
sempre se acabava em punhetas, dolorosas e excitantes punhetas. Após o gozo, um
misto de culpa e ojeriza o dominava. “Estou invandindo o espaço delas? Mas
afinal, elas nem sabem que estão sofrendo ‘abuso’! Moralmente eu estou
errado... a culpa é delas! Quem manda serem tão descuidadas? Você devia se
envergonhar. Eu devia parar com isso. Devia mesmo”. Mas não parava. Ao menos
por enquanto, pois nunca tinha beijado uma garota, no auge dos seus dezessete
anos. Feio e tímido, Narciso ainda tinha um nome ingrato para um adolescente
como ele. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">No final de semana não viu sinal da vizinha nova. A impressão
que tinha é que ela não dormira em casa. Na segunda-feira, sem muita esperança,
foi até a janela no horário em que tinha visto a moça se trocar outras vezes. Dessa
vez, ele teve a ereção interrompida. Quando a luz se acendeu e ela começou a
tirar a roupa, ele estava de pé, olhando pela fresta da cortina. No entanto,
ele avistou alguns móveis de seu próprio quarto dentro do quarto da moça. O primeiro
pensamento era o de que ela tinha móveis muito parecidos com os dele. Mas,
olhando bem a poltrona vermelha, notava que mesmo o rasgo no braço era
idêntico. Ao virar-se para sua própria poltrona, via um clone da que estava na
casa da garota. Ainda que ela se demorasse nua na janela, ele não conseguia
sentir nada de bom, pois aquela cômoda, aquela poltrona, aquele pufe... aquilo
tudo era do quarto dele!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">A luz dela se apagou. Ele se sentou em sua cama intrigado e
sem qualquer tesão. Sua irmã entrou no quarto. Pegou o livro de química: “Que
que foi?!”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">No outro dia, ainda muito cismado e sem ter qualquer olhos
para suas outras garotas, ele voltou à fenda para ver a estranha vizinha da
frente. A luz se acendeu, o quarto era outro, os móveis haviam desaparecido e
outros, diferentes dos dele, ocuparam o lugar dos anteriores. Tão logo ele se
deu conta disso, começou a se animar com o strip gratuito de todos os dias. Tinha
uns peitos duros de adolescente, e grandes como os mamões que sua mãe o punha
para comer todas as manhãs. Era muito gostosa. Quando baixou a calcinha, como
de praxe, apareceu um pouco acima do ventre um pedaço de pele esticado, como se
fosse um calço, em forma de meia lua, cuja parte superior era reta e a parte
inferior abaulada, tal um círculo semicortado. Em princípio deu um salto para
trás, julgando ver um pênis. Mas observando melhor, enquanto ela amarrava o
cabelo com uma liguinha, preparando-se para o banho, aquilo não era nada
conhecido por ele. Nunca tinha visto nada parecido e tão intrigante, enquanto
ela agia com a naturalidade e bizarrice que lhe eram peculiares. Sentiu um
engolfo subindo-lhe à garganta, mas respirou fundo e evitou o vômito. Ao voltar
para a janela, ela já havia ido banhar-se. Numa tensão sem igual, ele aguardou
os dez minutos que ela dedicava ao banho passarem para ver o membro novamente. Ela
voltou com uma toalha embaixo e outra na cabeça quase vinte minutos depois. Aparentemente
não havia qualquer coisa por baixo daquela toalha debaixo, tão somente aquela
buceta gostosa de todos os dias! Assim que ela secou o cabelo com a toalha,
tirou a debaixo e o membro ressurgiu, como uma ereção instantânea de um pênis,
mas agora em cor e textura visual de carne viva! Aquela coisa que se parecia um
queijo curado agora tinha o aspecto e a cor de carne viva! Ela então olhou para
a coisa, alisou-o como um pênis, baixou-o entre as pernas e vestiu a calcinha. O
membro, que não era pequeno, muito maior que o dele, por exemplo, desaparecera
sob a lingerie e a garota estava novamente gostosa, como de costume. Ao olhar
para seu membro, encolhido como se nevasse, sentiu novamente um engolfo forte
vir à tona. Dessa vez o gosto salgado prenunciou o vômito de estômago vazio do
rapaz sobre o assoalho. De joelhos, ele cerrou os olhos e bateu com o punho no
chão. Aquilo não poderia estar acontecendo!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Na escola, nem olhava para os colegas, nem para as garotas,
nem para os professores. Ele andava como um morto-vivo pelos corredores e
pátio. As aulas esvaíam-se pelos seus ouvidos moucos. Não respondia nenhuma
pergunda de professor com outra coisa que não um “não sei” próximo ao
catatônico. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Ao chegar em casa, subiu para o quarto numa estranha força
de curiosidade e repulsa. Não olhou a Marcinha. Não tinha olhado a Clarice. Queria
ver novamente a estranha. Era assim que a chamava. Sua mãe havia comentado mais
cedo, no lanche, que a conhecera, que ela era como ele, quieta, tímida, mas boa
menina. Chamava-se Susie, “nome de boneca”, riu a mãe balzaquiana. “Estranha”,
disse Narciso. “Estranha? Por que diz isso? Por acaso pelo menos já conversou
com ela alguma vez?”, “o virjão nunca conversou com nenhuma garota, mãe, ahahah”,
debochou a irmã. “Cala a boca! Não se mete na minha vida!!”. “Calma, filho!”. “Calma
uma porra!” e deixou o bauru pela metade com o copo de leite intacto. A mãe
sussurrou com a filha que mais tarde conversaria com ele, que deixassem-no ir,
paixonite adolescente tinha esses rompantes às vezes. A estranha demorou mais
que o de costume a aparecer. Quando acendeu a luz do quarto, tinha já os olhos
focados nos dele. Narciso se assegurou de que estava invisível por trás da
cortina, mas parecia que os olhos dela penetravam os dele. Então, como se o
visse claramente, ela fechou as cortinas quase completamente, antes de se despir.
Aparentemente com esse propósito, ela apenas deixou uma frincha aberta, por
onde parecia observar o que se dava no quarto da frente. Sem nada entender e
com um pavor incomum percorrendo sua espinha, sentia-se ele, agora, observado
pela garota. Mesmo estando completamente seguro de que suas cortinas black out
o protegiam, ele se sentia totalmente observado. Invadido. Perscrutado em sua
intimidade. E, vestindo apenas uma bermuda, tomou uma atitude inédita, começou
a abrir as cortinas, com raiva, com força. E, depois de escancaradas, começou a
se despir, olhando para a frincha da cortina dela, como um violentador. Tomado
de um desejo de agressor, começou a tirar a bermuda com violência, ficou só de
cuecas olhando para a vizinha, que ele não via, mas certamente estava lá. Então
segurou o saco e o pinto, por cima da cueca, e chacoalhou. Não era uma
masturbação, era como se dissesse “tenho colhões! Não tenho medo de você,
aberração!”. Andando de um lado para o outro da janela, ele olhava
impacientemente para a cortina da vizinha. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Um clarão. Uma forte luz, como a de um relâmpago, inundou
seus olhos instantaneamente. Atordoado pela cegueira repentina, com uma das
mãos pra cima, no rumo do rosto, aos poucos abria os olhos e esperava retornar
do atordoamento do flash. “Que porra é essa??”, perguntava-se irritado. Sentou-se
na cama enquanto paulatinamente as cores e as formas voltavam à sua vista. Respirou
fundo e, quando olhou para fora, viu exatamente a mesma cena que ocorria em seu
quarto. Era como um espelho gigante colocado no quarto da estranha. Como num
desenho animado, balançava a mão e mexia a cabeça, observando seu outro eu
fazer o mesmo do outro lado. Ora o quarto tinha os mesmos móveis, ora ele
parecia ver embaçados os móveis dela. Mais curioso que temeroso, ele continuava
procurando por algo. Até que viu a garota surgir atrás do seu outro eu, no
quarto dela. Ela estava linda, muito diferente dos outros dias. Completamente nua
e com um olhar lânguido, com os lábios carnudos sugerindo, sugerindo. A cabeça
pendia levemente para trás. Enquanto se aproximava dele. Ele manteve-se imóvel,
como fazia quando observava as garotas de seu minarete. Ela então o alcançou e
o enlaçou em seus braços tenros. Ele podia sentir aqueles peitos duros, aqueles
bicos deliciosos encostarem em suas costas. Aos poucos uma ereção rochosa empedrava
seu pau, enquanto ela o abraçava e mordiscava suas costas, seu pescoço, sua
nuca. Completamente envolvido por aquela garota, que agora parecia mais uma
mulher, dada toda a naturalidade e experiência com que agia, ele se deixava
tomar por aquele desejo acumulado que só se esvaía em poucas gotas de seu
esperma, liberados cotidianamente pelas punhetas. O resto do desejo estava ali,
contido naquele corpo franzino de gente tímida e deslocada. As mãos corajosas
dela percorriam-lhe o corpo, as pernas, a bunda, o peito, o abdome. O pau entumescido.
Então ele criou coragem e começou a agir naturalmente, virando-se, de olhos
fechados e manobrando as mãos pela cintura daquela monumental mulher. Seus
lábios tocaram os dela, como se ele soubesse o que fazer. E, por alguns
segundos, o medo (ou o estarrecimento) deu lugar a uma postura de amante, de
homem determinado. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Mas o beijo não era bom. Tinha cheiro. Tinha gosto de carne
crua. A saliva não era boa. Aos poucos então foi abrindo os olhos. Tinha clareza:
era a mesma mulher que estava diante dele, a que ele tinha visto no quarto
dela. Mas essa era toda de carne, sem pele. Quando olhou pras mãos ensebadas
daquela carne de cobra, afastou-se dela num átimo. Ao olhar para seus olhos,
teve certeza de serem os mais bonitos e os mais bizarros que já vira em toda
sua vida. O entumescimento do pau tomava conta agora da pélvis, das
extremidades das mãos e dos pés. Uma última olhadela pra baixo confirmava seu
peso e sua imobilidade. Ao tentar gritar, por dentro de si crescia um cimento. Seus
olhos secaram antes de a visão esmaecer e a respiração parar. Tornara-se mais
uma estátua daquela colecionadora maldita. </span><o:p></o:p></div>
.guga valente.http://www.blogger.com/profile/18354027499523198469noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2632237738270419458.post-55823880397428732132013-04-25T05:34:00.002-07:002013-04-25T05:44:39.368-07:00COMO COMEÇAR UM TEXTO ARGUMENTATIVO?<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">“Atualmente”, “no mundo em que
vivemos”, “a sociedade contemporânea passa por um problema” “cada vez mais
comum”: como começar um texto?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Certamente não é usando chavões como
esses aí de cima. A ideia de “como” se iniciar um texto argumentativo (uma
dissertação, por exemplo) persegue a maioria dos estudantes e dos Professores
de Redação. Portanto, não se sinta excluído por ter dificuldade em fazer isso. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">A verdade é que não existe um jeito
certo de iniciar uma redação, e as múltiplas possibilidades de fazê-lo sequer
podem ser compiladas num post como esse.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Algumas ideias cristalizadas de
introdução nos manuais de redação partem da noção de que se DEVE, no início do
texto, fazer uma SÍNTESE de tudo o que se vai discutir na dissertação; necessariamente apresentar uma TESE já no
primeiro parágrafo; citar pelo menos TRÊS ASSUNTOS que serão abordados no
desenvolvimento. Nada disso, porém, constitui uma verdade absoluta, mas tudo
isso é absolutamente possível. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Uma dica infalível para melhorar esse
travamento na hora de encostar a caneta no papel pela primeira vez é a de selecionar
artigos de bons escritores, jornalistas e pensadores e isolar somente os
parágrafos introdutórios. Depois de isolados, a ideia é tentar identificar os
conteúdos trabalhados por esses autores nesse início de texto. Obviamente,
muitos deles farão o que se ensinou na escola a vida inteira: síntese do texto
+ três argumentos + tese. Outros dirão coisas que não serão compreensíveis se
não se ler o resto do texto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Os melhores textos, no entanto, não visitam
o lugar-comum. Costumam conduzir-nos por caminhos estranhos, irreconhecíveis,
inusitados, chocantes e, por que não, poéticos. A introdução deve ser um apelo
para o leitor continuar lendo seu texto. Se você conseguir impressioná-lo com
um discurso instigante ou cativante, ele vai continuar lendo seu texto e pode
até passar a acreditar em você. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Outra dica importante é refazer as
introduções-clichês de redações passadas. Sabe aquela redação que você saiu mal
pra caramba? Ela certamente tem uma introdução terrível e é uma ótima candidata
à reescrita (da introdução <b><u>E</u></b>
da redação).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Aliás, reescrever é uma tarefa que
todos – TODOS – deveriam ter como prática para aperfeiçoamento textual. Releia
e reescreva seus textos, você vai crescer com isso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Mas vamos ao que interessa, pra você não
ficar pensando que eu te iludi falando sobre introdução e não falando de como
fazê-lo. Aqui vão algumas dicas que podem ajudá-lo a começar seu texto:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Alusão
histórica<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Começar o texto fazendo uma breve
referência a um fato histórico relevante ao tema é um jeito simples e eficiente
de começar o texto. Lembre-se: seu leitor precisa acercar-se do assunto,
precisa estar basicamente informado sobre o tema para compreender seus
argumentos. Evite, porém, aqueles fatos mais manjados, tais como Revolução
Industrial ou Escravidão no Brasil. Opte por aqueles mais discutidos na
contemporaneidade, sobretudo no âmbito da história cultural.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Definição
(ou verbete)<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Às vezes o tema tem um foco
interessante que merece ser conceituado. Iniciar o texto já com esse foco,
definindo-o, é um bom modo de colocar seu leitor a par do que você quer
discutir. Exemplo: o tema é (UFG) As formas de vigilância e o controle do
corpo. Você pode iniciar seu texto definindo, como num dicionário ou numa
enciclopédia, o que é CORPO;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><b>Enumeração
de tópicos (exemplificação ou topicalização)</b> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Há temas que, só de lê-lo, já
imaginamos uma série de exemplos. É o que ocorre quando temas relacionados à
tecnologia são pedidos. Você pode iniciar seu texto jogando, aparentemente de
modo displicente, os dispositivos eletrônicos relacionados à tecnologia daquele
tema. Exemplo: “Celulares, tablets, câmeras digitais, smartphones, ultrabooks,
notebooks, netbooks... Não há quem não reconheça a importância desses
dispositivos na vida do homem contemporâneo.”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><b>Declaração
inicial</b> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Esse é um jeito comum, porém, se feito
adequadamente, pode causar um efeito interessante no leitor, já que inicia o
texto com uma afirmação forte que pode sugerir uma argumentação consistente. Imaginemos
um tema como os do ENEM, sempre simples e relativamente fáceis de lidar, como (ENEM)
O fluxo imigratório para o Brasil no século XXI. Exemplo: “O Brasil não é um
país xenófobo. Prova disso é que tem recebido nos últimos anos (e por que não
dizer séculos?) um fluxo de povos do mundo inteiro pelas mais diversas razões: guerras,
pobreza, proximidades territorial e linguística e, como tem ocorrido mais
recentemente, crises econômicas.” Notou o início? Olha que afirmação
categórica!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Perguntas
didáticas <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Perguntas dessa natureza orientam o
leitor sobre o que vai ler no seu texto. Não constitui erro começar o texto já
lançando essas perguntas, desde que, obviamente, elas sejam devidamente
respondidas ao longo da leitura. Para um texto com uma média de 30 linhas, é
bom ter em mente que não dá pra responder adequadamente oito perguntas. De três
a cinco é o recomendável. De preferência, faça perguntas que remetam à
causalidade. Ou seja, uma pergunta faz ponte para a outra.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Citação<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Ao contrário do que muita gente diz,
não é só a citação de autoridade que constitui um elemento relevante para a
argumentação. Às vezes, citar estultices ditas por aí, já no início do texto,
ajudam a fomentar um projeto de texto crítico e que visa desconstruir a citação.
Exemplo: "'Covardia pegarem vídeos de 10, 12 e até 14 anos atrás para me ridicularizarem. Vivo em outro tempo. Querem destruir a imagem dos evangélicos', disse o pastor e Deputado Federal Marco
Feliciano em seu Twitter, no dia 19 de abril. Não é preciso retornar a esses
vídeos para compreender a dificuldade dele em administrar suas falas. Basta ler
a frase novamente para perceber que ele se julga a imagem do neopentecostalismo
no Brasil. Quando se critica Marco Feliciano não se implica, necessariamente, fazer
uma crítica para ‘destruir’ os evangélicos, mas para demonstrar a incoerência do
discurso do pastor/deputado.”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Ilustração
ficcional narrativa<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Esse recurso, pouco explorado em
redações escolares e pouco estimulado por professores, leva em conta uma mescla
de discursos. Dizendo de passagem, praticamente todo texto se compõe de uma
mescla de discursos, como o expositivo e o argumentativo. O que se propõe nesse
tipo de introdução é um pouco mais ousado. Iniciar o texto como se fosse contar
uma história é a ideia aqui. Vamos supor que o tema seja ligado ao meio
biofísico, tal como a mobilidade urbana, assunto muito pertinente hoje. É possível
começar o texto assim: “Sérgio e Augusto são executivos de uma empresa. Sérgio sai
de casa antes das seis, para dar tempo de enfrentar o trânsito. Augusto também
sai antes das seis, para curtir a paisagem enquanto dirige-se à companhia. Sérgio,
invariavelmente, chega estressado ao trabalho. Augusto, às vezes, chega um
pouco suado. Sérgio contribui com o trânsito ruim que ele tanto odeia. Augusto ajuda
o trânsito de Sérgio a ser um pouco melhor. Sérgio vai de carro; Augusto, de
bicicleta.” Depois de iniciar o texto assim, é legal digressionar no parágrafo
seguinte que se trata de uma ficção imitando uma realidade. O leitor se envolve
com histórias. Mais adiante, é possível também retomar, metonimicamente, os
personagens (“Precisamos de mais Augustos e menos Sérgios para o trânsito
melhorar”)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><b>Tradicional</b> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Por fim, não custa nada dar uma
repassada naquela introdução tradicional ensinada há tantos anos e, não por
acaso, também eficiente quando bem feita. A ideia é discorrer brevemente sobre
o tema tendo em mente que esse “brevemente” vai se tornar o desenvolvimento da
redação. Além disso, é importante apresentar uma tese, que vem a ser aquela
opinião geral que temos sobre o tema. Usando um tema da FUVEST (Um mundo por
imagens), vamos apresentar um exemplo: “As imagens compõem a vida de todos
diariamente. Elas emocionam, chocam, informam, ajudam e atrapalham. Antes de
tudo, porém, as imagens representam. E é o que se faz dessa representação que
pode definir estes papéis sociais que as pessoas desempenham todos os dias:
representantes e representados”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Existem mil maneiras diferentes de se
iniciar um texto. Não quero aqui limitar sua imaginação a apenas esses modos
que sugeri. Gostaria, na verdade, que isso servisse para que você vislumbrasse
outras possibilidades, além dessas. Saiba: não existe uma regra absoluta para a
introdução, a não ser a de que ela serve para iniciar o texto. Somente isso. O que
queremos dizer no início do nosso texto deve estar relacionado ao tema que se
pretende abordar, ao projeto de texto que se pretende fazer, à intencionalidade
que se quer sugestionar ao leitor. Lembre-se, você escreve para alguém. Sempre!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Não existem fórmulas prontas e
acabadas sobre como fazer um texto; existem tópicos que são importantes de
aparecer nos gêneros os quais redigimos. É nesta pergunta que você tem de se
apegar: “o que eu pretendo dizer ao meu leitor?” Eu adianto uma resposta: diga
o que vai mexer com ele e, possivelmente, trazê-lo para seu mundo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">P.S.: Este texto é de utilidade
pública. Assim, se você o achou pertinente, compartilhe-o, tire cópias, cole no
mural de sua escola, leia-o para seus amigos, publique no seu blog ou site,
use-o em sala, mande por cartas para amigos com dificuldade de escrita, enfim. Só
cobro o crédito. Mas o texto agora é seu também :)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />.guga valente.http://www.blogger.com/profile/18354027499523198469noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-2632237738270419458.post-14233765112891761502013-01-22T05:19:00.002-08:002013-01-22T05:19:55.066-08:00mais estranho que uma laranja mecânica<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhb710nl4a5aTEI6jm6Lcco7YoEld8aM53hCg61-mSKSxc5fTfIQI4R8sIHwbQzkztfA59EufeyuUzhGTAEoGiMC6kAV6UMszwFIjlIiII0QDy8DywV5UOQQ5fhMNZXjGyBDzzYc1nuqLM/s1600/laranja-mecanica-50-anos-original.jpeg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhb710nl4a5aTEI6jm6Lcco7YoEld8aM53hCg61-mSKSxc5fTfIQI4R8sIHwbQzkztfA59EufeyuUzhGTAEoGiMC6kAV6UMszwFIjlIiII0QDy8DywV5UOQQ5fhMNZXjGyBDzzYc1nuqLM/s400/laranja-mecanica-50-anos-original.jpeg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Quando videei na internetnet que iriam lançar <i>Laranja mecânica</i> numa edição horrorshow
mesmo, com ilustrações do Dave Mckean, Oscar Grillo e Angeli, pensei: - Que
oportunidade bolshi de ler a obra que eu nunca tive, Ó, meus queridos amigos e
irmãos. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Senti-me completamente imerso no universo de Anthony Burgess
e, por Bog, tive vários snitis enquanto dormia sobre a história. O texto é
absolutamente envolvente e eu não consegui parar de ler enquanto meus glazis
não ficavam tipo assim muito cansados e meu ploti não aguentava mais. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Comparando o livro com o filme de Stanley Kubrick (algo como
comparar piano e saxofone), nota-se o brilhantismo de Burgess muito bem traduzido
nas imagens e edições do diretor novaiorquino. O filme é mais engraçado, um
humor tipo assim horrorshow mesmo, com poucas incursões do narrador, como naturalmente
é de se esperar na cinedramaturgia. Você reconhece o Tim Burtom, o Tarantino e
o Guy Ritchie como gente que sofreu alguma influência daquela obra.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Voltando ao livro, de início eu tentei ler sem acessar o
farto material que o acompanha. A saber: uma nota de tradução, de Fábio
Fernandes e o glossário nadsat, além de vários extras do Burgess, cópias de
originais com anotações do autor e essa kal total. Percebendo que ia ser um
malenk difícil compreender a obra, decidi por itiar para os capítulos com a
marcação do glossário à ruka para a hora que eu precisasse, apesar de o tradutor não recomendar isso. E, Ó, meus queridos
irmãos e amigos, tive de recorrer diversas vezes, porque havia momentos em que
eu ficava completamente perdido e aquela kal total. Mas dá pra sluchar o shom
da goloz de Alex, sarcástica e bela, durante toda a leitura, mesmo sem consultar o glossário. Ora, ora, ora, ora, ora, ora. Não me queiram diminuir por esta malenk fraqueza, sim?</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Terminei a obra com os zubis à mostra de tanta empolgação e
corri para ver a versão cine-cínico. A todos os meus druguis loucos por
literatura e cinema como Vosso Humilde Narrador, sugiro que kupetem esta obra
com o cortador que tiverem nos karmans. E se você é uma devotchka ou um
maltchik esperto, sugiro itiar hoje mesmo a uma livraria horrorshow e ingressar nesta narrativa
completamente odinoki, depois podemos govoretar tranquilamente sobre ela, caso tu
estejas inclinado a um marco da literatura pop desse já século starre que é o
século XX.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Não entendeu nada? Sugiro <a href="http://pizzacomcocanaoetudo.blogspot.com.br/2012/08/glossario-nadsat.html">este site</a>, que tem o glossário nadsat na versão do tradutor Fábio Fernandes.</span></div>
<br />
<br />
<br />.guga valente.http://www.blogger.com/profile/18354027499523198469noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2632237738270419458.post-71134371116249320922012-06-15T03:01:00.003-07:002012-06-15T03:01:49.593-07:00filosofagens e vagabundamentos<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">A preguiça não é um pecado. Não
são os homens a cometê-la; é ela a acometê-los. A inveja não é um pecado; é a meta
ao quadrado. Como se chama o que é mais que pecado, duplamente qualificado? Não
é a ira senão a manifestação sincera dos maus humores? Não é engoli-los a seco
o verdadeiro pecado? A avareza não é pecado; “é a mãe da economia”, diria o
diabo do Machado. A luxúria não é pecado; pecado é deixar as maçãs apodrecerem
sem ter delas se deliciado; aliás, os melões, as melancias, as bananas, as
uvas, as peras, os mamões, as mangas e até os estranhos kiwis também não
chupados. Cobiça é um querer e a reza é de que ele é poder. E se reza, então é
verdade e esta é boa; portanto não é pecado. E, finalmente, gula não é pecado;
senão a realização de um desejo de se manter bem nutrido sempre. Se outras
pessoas passam fome, é porque se abnegaram do direito ao que se convencionou
chamar pecado e que aqui o chamamos benefício. Quem não come para evitar a gula
compadece-se da inanição, que é doença e, portanto, deveria ser chamada de
verdadeiro pecado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Pecado é não ficar pelado.</span><o:p></o:p></div>.guga valente.http://www.blogger.com/profile/18354027499523198469noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2632237738270419458.post-32312997131423045722012-04-13T04:43:00.003-07:002012-04-13T04:43:40.043-07:00paradoxo da publicidade<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: large;">Tem um sentimento estranho que me consome: o paradoxo da publicidade. Explico: sou fascinado pela ideia de que, com uma boa imagem, um discurso bem ajambrado, uma estratégia de promoção bem feita, as pessoas comprem uma ideia. Não falo de comprar somente com dinheiro; aliás, falo principalmente da ideologia que existe por trás de tudo que é vendido. Uma marca de roupa ou uma instituição de combate à violência contra os animais - tudo é ideia. Por outro lado, minha fascinação é interrompida pelo nível de alienação que a publicidade pode perpetrar, além da poluição visual que consome nossas cidades (São Paulo é um exemplo marginal. Foi "limpa" nos últimos anos da excessiva poluição visual; os outdoors foram banidos e as fachadas das lojas têm dimensionamento definido pela prefeitura).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: large;">Outro dia, consumido por essa contradição de gostar/detestar publicidade nas ruas, principalmente em época quando ela brilha em led ou é feita de um plotter extremamente chamativo, parado num sinaleiro, olhei pra cima e vi um banner com uma propaganda de uma loja de roupa feminina. Não lembro o nome da loja; mas talvez se lembrasse não o poria aqui, não estou recebendo pra fazer propaganda pra ninguém. A imagem de uma mulher palha, magra, com um coque no cabelo e uma roupa que almeja ser bonita, sem nada de muito diferente, vinha acompanhada de um slogan forte, marcante, agressivo: "Desobedeça, transgrida, reinvente - coleção outono/inverno". Reli. Reli de novo. Depois ri muito, ri alto, ri de modo desconsertante. Como é? A dica da loja é para que suas consumidoras desobedeçam, transgridam, reinventem... e consumam o mesmo tipo de produto que todo dia é consumido por centenas de milhares de mulheres? Será que o escritório que bolou esse marketing tem noção desse paradoxo? Ou será que construiu esse discurso sabendo que suas consumidoras não se dariam conta dele? Como é que uma mulher pode transgredir seguindo uma tendência "outono/inverno"? Desobedecer comprando? Reinventar repetindo padrões? Talvez adquirindo a coleção "primavera/verão", né? Aliás, quem sabe esse banner não influencia realmente as pessoas a refletirem sobre o significado dessas palavras? </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: large;">A publicidade tem banalizado as palavras tanto quanto os políticos têm reescrito conceitos de ética e moral ou os líderes religiosos se apropriado do discurso do demônio para convencer seus fiéis a lhes pagarem cifras exorbitantes de seus mirrados salários. É bisonho, mas é real. Quando leio numa revista "a <i>revolução</i> dos cosméticos", só consigo imaginar um creme hidratante com um coquetel molotov na mão e um esfoliante com uma máscara preta na cara. Revolução era palavra do "index" da ditadura brasileira. Hoje está na publicidade ajudando a consolidar o perfil de consumista que todos nós adquirimos com essa nova maré boa de economia em que estamos nos enfurnando. Estamos adaptando o <i>american way of life</i> ao jeitinho brasileiro de gastar em suaves prestações (ou mais parecido com a gente, "de levar vantagem em tudo", como na lei de Gérson).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: large;">"A propaganda é a alma do negócio". Essa máxima nunca foi tão verdadeira: os imperativos dos slogans e das imagens pasteurizadas têm transformado essa alma em arma. Os negócios apontam suas armas para nós. O desejo de consumir nos consome, autofágico. Estamos vendidos aos discursos prontos e bastante predispostos à reinvenção do material do qual nós temos sido feitos - plástico. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>.guga valente.http://www.blogger.com/profile/18354027499523198469noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2632237738270419458.post-22249670173530166732012-04-09T19:05:00.000-07:002012-04-09T19:05:03.377-07:00<h2>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: large;">meio tenso,</span></div>
<span style="font-size: large;"><div style="text-align: center;">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">senso sonso,</span></div>
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><div style="text-align: center;">
torço o meio</div>
</span><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><div style="text-align: center;">
do pescoço,</div>
</span><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><div style="text-align: center;">
absconso.</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
seio denso</div>
<div style="text-align: center;">
texto torto,</div>
<div style="text-align: center;">
mostro mênstruo</div>
<div style="text-align: center;">
no monstro,</div>
<div style="text-align: center;">
alonso.</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
é-o: s,x</div>
</span></span></h2>.guga valente.http://www.blogger.com/profile/18354027499523198469noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2632237738270419458.post-86831405870043478542012-03-12T19:01:00.002-07:002012-03-12T19:12:39.796-07:00Verdi de primeira viagem<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i><br /></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ouviu dizer
que música clássica ajuda a relaxar enquanto se dirige no trânsito caótico da
cidade. A sogra dissera isso no almoço de domingo. E se a sogra dissera, só
podia ser verdade. Então foi até uma loja para comprar um CD. Pediu ao vendedor
que lhe recomendasse algo bom, porque ele não entendia de música clássica, e
sua sogra dissera que era bom pra ouvir no trânsito, que deixava as pessoas
relaxadas, porque a música é calma e o trânsito, o trânsito não, esse era bem
barulhento, perturbador, então ele pensou...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Está certo senhor, eu entendi –
arrematou o vendedor demonstrando um pouco de impaciência, como se já tivesse
ouvido aquela história algumas vezes. Ele realmente era daqueles sujeitos
calados, mas que contavam as mesmas coisas quando abriam a boca. Mesmo quando
abriam a primeira vez pra uma história.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- O que o senhor prefere? Temos
aqui – mostrando algumas coletâneas com capas de natureza morta – Strauss, Vivaldi,
Chopin, Wagner, Beethoven, Verdi, Handel, Mozart, Tchaikovsky, Enya...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Enya é música clássica? –
interrompeu curiosamente o neófito nesse ramo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Não, mas para o que o senhor
quer, é a mesma coisa.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Enya é homem ou mulher?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- É mulher.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Então não deve prestar. Me vê o
verde aí. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Verdi, o senhor quer dizer...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Verde, Verdi, Vermelho, desde
que seja bom, tanto faz. Se eu ficar calmo, volto pra comprar mais.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- É ópera, senhor. Tudo bem?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- É daquele povo que canta e a
gente não entende nada?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Isso é Sepultura, senhor (o
vendedor ria por dentro de sua sacada genial).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Hein?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Mais algum?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Levou
Giuseppe Verdi. Assim que entrou no seu carro mil, tirou o CD de modão e pôs-se
a escutar <i>La Traviata.</i> No princípio
teve uma sensação semelhante à de quando comeu kiwi na casa da sogra, no Natal,
pela primeira vez. Era gostoso, mas era estranho.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Aos poucos se
acostumou e começou a sentir que a música começava a falar-lhe ao coração. Aumentou
o volume; aumentou sua excitação. Depois de meia hora de trânsito, sentia-se
superior aos demais. Naquele calor suarento que as catorze horas fazem, sentia
uma leve brisa entrar pelo vidro aberto do carro. Os outros veículos do
engarrafamento suavam. Ele sentia como se seu rosto sorrisse, mesmo sem olhar
nos retrovisores para confirmar isso.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Uma moto
vermelha, com dois homens magros, parou ao lado do carro dele e o carona sacou
um revólver enquanto o da frente acelerava como quem ia sair antes do assalto
ser concluído.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Passa a
carteira agora, viado!! Passa logo! Eu te mato, anda! A carteira, caralho!!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ele ficou
meio pasmo com o insólito e esticou o braço lentamente para baixo do console
central do carro para pegar a carteira, como pedia o bandido. Enquanto entregava
a carteira para o bandido, puxou com a outra mão o braço com revólver do
bandido. O outro rapaz saiu em disparada, deixando o carona caindo para trás. O
homem então, segurando firmemente o braço do meliante, tirou-lhe a arma da mão inclinando-a
para trás e fechou rapidamente o vidro do carro. O sinal abriu logo em seguida,
ele engatou a primeira e saiu como sairia se não tivesse um bandido pendurado
em seu carro. Ouvia Verdi, arrastava um bandido pelo braço em seu carro a
trinta e poucos quilômetros por hora e ia imprimindo velocidade, como faria normalmente.
O bandido gritava e dava cabeçadas de capacete no vidro, até que este
quebrou-se. As mãos do homem mantiveram o jovem bem preso com o braço torcido
pra baixo depois disso. Os calçados se esfacelavam no asfalto, o sangue do
braço misturava-se ao suor, La Traviata falava-lhe aos seus sentidos mais
humanos. Alguns carros ao redor estavam parados, uns protestavam pela
crueldade, outros buzinavam, anuentes e se sentindo vingados, andavam lado a
lado com a cena. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Alguns quilômetros
depois, quando o bandido não mais reagia, a polícia o parou. Mandou-o encostar
o carro. Só soltou o bandido porque viu suas pálpebras fechadas e não ouviu
mais sua voz, não porque tinha uma 765 apontada pelos policiais para sua cabeça.
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Desceu do
carro, calmo, resignado, dileto. Os policiais falavam alto, mas a música de
Verdi falava-lhe mais. Os restos mortais do bandido jaziam ao lado do veículo. Com
as mãos levantadas, olhando para baixo, passou por cima do corpo como se fosse
um entulho.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Perguntado pela
sogra, na cadeia, como fizera obra tão bruta, ele dissera que não sabia.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Mas isso não deixou você importunado,
matar um homem, Constâncio?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Sabe, d. Norma, a senhora tinha
razão, como sempre: essa tal de música clássica relaxa a gente. A senhora conhece esse
Verdi?</span></div>.guga valente.http://www.blogger.com/profile/18354027499523198469noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2632237738270419458.post-45032722635382914852011-12-02T12:16:00.001-08:002011-12-02T12:17:07.552-08:00<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif;">Revisão UFG, dá uma olhada aí, ficou muito bonitinho. Descompacte, clique duas vezes sobre o prezi e seja feliz. Ah, faça uma boa prova também!</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif;">.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif;">.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif;">http://www.mediafire.com/?hdrzdipgbs20de2</span>.guga valente.http://www.blogger.com/profile/18354027499523198469noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2632237738270419458.post-77759145264228593092011-11-07T18:36:00.000-08:002011-11-07T18:36:59.705-08:00a (flor da) pele que habito<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> "Almodóvar é sempre um clássico" "Adoro as cores do Almodóvar" "Nós nunca sabemos no que vai dar" "Prefiro os antigos dele" são constantes nos burburinhos dos intelectuais e dos nem-tanto que frequentam o cinema e conferem as obras do diretor espanhol. Devo dizer que, apesar de a introdução dar a entender que não faço coro a esse discurso, na verdade estou no grupo dos nem-tanto. Então os clichês nas falas dos outros sobre o diretor eu costumo ecoar.</span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://t3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSRHwTlkDnmVbGxs0aoQpe41Z9H5_Vpsd_00eyu4JsY1G--ZFt7" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="290" src="http://t3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSRHwTlkDnmVbGxs0aoQpe41Z9H5_Vpsd_00eyu4JsY1G--ZFt7" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="background-color: white; color: #333333; font-family: arial; font-size: 14px; line-height: 20px;">Elena Anaya numa cena linda do filme</span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Felizmente, uma obra dele é sempre uma conversa franca sobre tabus. Em tempos de piada de mal gosto afetando as pessoas como crimes hediondos, esses mesmos crimes na tela de um diretor hypado como ele nunca são demais, afinal, ele os "problematiza", os discute, os expõem na mesma medida em que os transforma em assombradas verdades, escondidas nas brutalidades meramente humanas. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><i> A pele que habito </i>é um filme diferente de tudo o que já vi. Inclusive eu colocaria a obra na seção de drama na minha locadora (caso eu tivesse uma), mas não sem hesitar em pô-la junto aos thrillers. Como thriller deixa a desejar. Como drama, no entanto, não mata a gente como em <i>Tudo sobre minha mãe </i>ou <i>Fale com ela</i>. Mas dá pra arrancar uns suspiros de dó. Dó de tudo, inclusive. As de sexo, por outro lado, são quentes, intensas, sem ser descritivas. O diretor sempre retratou o sexo com devida sutileza. Mesmo os estupros nunca são o clichê. Basta lembramos de <i>Kika</i> e a hilária cena em que é violada. Quem é que pode rir de um estupro? Almodóvar provoca.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Vi pouco as cores que geralmente inundam a tela como se fosse mesmo uma obra plástica. Os enquadramentos continuam lindos, mas pela atmosfera mais sombria do filme, as cores estão mais opacas (porém não menos bonitas). </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Os atores nas mãos de Almodóvar comem em sua mão. Obedecem ao diretor como o filho que tem medo do pai. Inclusive achei o Banderas menos expressivo que de costume. Já o vi mais vivo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Agora, a história tem um tom de humor negro inevitável. Irrepreensível. Confesso que não me diverti com a desgraça dos personagens, mas que havia momentos de desconfortável vontade de rir, ah, isso houve em vários momentos. Não vou bancar o spoiler aqui e ficar adiantando os fatos. Vão ver o filme, ta no Bougainville/Lumière. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Nota: quero retomar minha cinecultura. Fiquei anos indo ao cinema vez ou outra. Estou no clima de fazer com o cinema o que fiz com a literatura. Faça o mesmo. Internet é bom, mas não é o único lugar que deve nos divertir. VÁ AO CINEMA!</span></div>.guga valente.http://www.blogger.com/profile/18354027499523198469noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2632237738270419458.post-45477366644625579982011-10-25T17:07:00.000-07:002011-10-25T17:08:28.424-07:00neve vermelha<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="background-color: black; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Sofri para ler <i>Branco neve vermelho Rússia</i>, da polonesa <span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><b>Dorota Masłowska. </b>Eu não sou fã de beatnik, literatura à qual a autora parece se afinar bastante. Os intermináveis fluxos de consciência e discursos indiretos-livres dominam toda a narrativa, que se limita a alguns poucos fatos, entrecortados por muita viagem de anfetaminas e pouco sexo. Esperava mais sexo nesse livro, não sei. Os drogados poloneses retratados por Dorota não transam.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><span class="Apple-style-span" style="background-color: black; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">A história de um personagem sem-lugar em seu país é o duto que escoa, pelas letras de Dorota, a realidade de uma parcela do povo polonês, sem referencial depois do mundo não ser mais bipolar. (aliás, acho que o mundo está é cada vez mais bipolar)</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><span class="Apple-style-span" style="background-color: black; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Demorei de agosto até semana passada (outubro) pra conseguir ler o livro. Simplesmente não fluía. Essa chapação toda me enche o saco. Não suporto juventude sem perspectiva e querendo ser sem perspectiva e não tendo outra alternativa a não ser: não ter perspectiva. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><span class="Apple-style-span" style="background-color: black; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">A história não tem início. Da mesma forma, também não tem fim. O enredo nada mais é que um recorte na vida do personagem. Não sei se é porque sou muito ligado à tradição da narrativa com todas as reviravoltas que culminam num clímax, qualquer clímax, e depois se desfecham (ou acabam antes disso), mas pra mim BNVR é verborragia pura. Admito que é massa ver uma jovem de 18 anos (na época da publicação do livro) publicando um livro que foi traduzido para várias línguas, ganhou alguns prêmios e chamou a atenção pela "ousadia" discursiva e, guardadas as devidas comparações, originalidade. Criei expectativa demais com a história. Esperava algo retumbante como a Clarice em suas primeiras obras. Nada disso; literatura ruim pra mim, apenas.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><span class="Apple-style-span" style="background-color: black; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Reforço, entretanto, que considero importante ler de tudo. Várias vezes me passou pela cabeça desistir daquele livro, mas a persistência em me firmar como leitor disciplinado superou essas vontades. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><span class="Apple-style-span" style="background-color: black; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Não conheço mais dessa autora, não sei se publicou outras coisas. Se o fez, não vou atrás pra ler: tenho uma pilha enfileirada em dominó pra eu ler. Mas se cair na minha mão novamente e tiver uma proposta diferente dessa, posso até me arriscar. Sei lá, daqui uns dez anos.</span></span></div>.guga valente.http://www.blogger.com/profile/18354027499523198469noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2632237738270419458.post-53369227253786511832011-10-02T21:24:00.000-07:002012-10-12T21:09:38.406-07:00referências<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Referências são os pontos para os quais olhamos e para onde queremos ir. Referências são as bases nas quais nos sustentamos para seguir em frente. Referências nos estimulam, nos incitam, nos fazem refletir, querer alcançar pontos inalcançáveis. Referências nos emocionam, mas sobretudo referências nos tornam seres vivos e pensantes. Uma pessoa sem referências é uma pessoa ignóbil.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Dia 28 de setembro, pouco antes de dormir, minha timeline do Twitter foi invadida por uma notícia que eu não quis aceitar e pensei tratar-se de trote: o vocalista do Cólera, Redson, morreu de uma parada cardiorrespiratória. Antes de dormir, dei a notícia à minha mulher, adormeci às lágrimas incontidas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O outro dia foi uma merda. Dei aula sem graça. Perguntavam do Rock In Rio, eu contava brevemente como tinha sido, voltava pra matéria tentando esquecer que o rock faz parte da minha vida.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Estive um dia de luto. Um dia. Na sexta eu já estava ok, porque o Redson não morreu de verdade. Eu o vejo nos meus álbuns do Cólera, nas letras dele, nas músicas, nas fotos. Vejo-o nas minhas letras, nas minhas músicas, nas escolhas que fiz pra vida. Ele foi mais importante pra mim do que muitos parentes próximos. Se hoje penso que pode haver um amanhã melhor pras gerações que vêm, é porque na minha adolescência eu conheci o Cólera e as letras e músicas do Redson. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"Quanto eu passo as noites nas esquinas/ esperando um ônibus que nunca vem/ vejo mulheres prostituídas, tento imaginar por quê/ vejo moleques, rasgados, perdidos, não têm um amigo/ mas por quê?/ Dê uma olhada pra essas vidas/ onde estão os direitos de viver?/ Eu me lembro, falam na declaração/ que nascemos livres, livres, por iguais/ mas não entendo se escolhemos/ ou se alguém escolheu por nós/ não está certo, alguns estão ricos/ outros não têm nem um amigo/ Dê uma olhada pra essas vidas/ onde estão os direitos de viver?"</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Depois de ouvir/ler essa música aos meus 16, 17 anos, eu nunca mais fui o mesmo. A partir dali, eu estava num processo irreversível de transformação para buscar um mundo melhor e de lá pra cá, pouca coisa mudou. Fiquei mais embrutecido, menos sensível, mas ainda acreditando. Perdi a inocência, mas não o otimismo. </span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9Rja96-X8IrHls5j3ujZ7C9A1eMC-uMeb1okNk2QIUsFKocWhlYvmguNoyX4JffSQczhxcNJE-tDfx8DKlIUZ309F3bDzjBNm7CZChqtC2h2ZKxbwIhAa806Q72U0huHpEPXJqegWUzI/s1600/P1030007.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9Rja96-X8IrHls5j3ujZ7C9A1eMC-uMeb1okNk2QIUsFKocWhlYvmguNoyX4JffSQczhxcNJE-tDfx8DKlIUZ309F3bDzjBNm7CZChqtC2h2ZKxbwIhAa806Q72U0huHpEPXJqegWUzI/s320/P1030007.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Sangue Seco com Redson ao centro em 2007, em Palmas</span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Eu perdi um ídolo, mas suas ideias nunca morrerão em mim ou nos outros moleques de 16, 17 anos que estão conhecendo o Cólera agora e transformando suas vidas concretamente. O discurso soa religioso, eu sei. Mas a indignação e o inconformismo não fazem parte de adorações, mas de detestações. O mundo punk compartilha isso, independente da corrente ideológica. Todo punk é um indignado. Os que têm o Cólera como referência, além de indignados são otimistas. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">No sábado, 1º, teve um show histórico em Goiânia. Olho Seco, banda seminal do punk junto ao Cólera, tocou aqui na cidade, voltando às atividades depois de quase uma década parado. O Ímpeto, uma de minhas bandas, abriu mão de tocar as próprias músicas no show de abertura desse evento e tocou apenas Cólera, do começo ao fim. Foi nosso jeito de homenagear aquele que nos influenciou. Se tocamos alguma coisa, muito se deve ao Redson e ao Cólera. As pessoas gostaram, choraram, cantaram conosco e fizeram um espetáculo lindo. Aquele espírito é o que temos de carregar conosco no dia a dia pra enfrentar todas as pedras que jogam na nossa cara toda hora. Pra aguentar a merda do mundo, preciso fazer algo que vá contra ela, preciso acreditar que ser adolescente não é uma fase, mas uma escolha de vida. "Eles dizem que você é doente, e que isso é fase de adolescente mas não! Não vá se entregar!", gritava o Redson no melhor disco do Cólera: Pela Paz Em Todo o Mundo. Nunca ouviu? <a href="http://www.4shared.com/file/q2EEloqI/Clera_-_Pela_Paz_em_Todo_Mundo.html">Baixe aqui</a>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Eu hoje estou feliz. Feliz porque sei que o Redson cumpriu seu papel aqui. Foi embora cedo, "os bons morrem jovens", cantava Renato Russo mais uma verdade. Morreu cedo, mas não deixou nada a dever a ninguém. Só a crescerem cada vez mais. FORTE E GRANDE É VOCÊ!!!</span></div>
.guga valente.http://www.blogger.com/profile/18354027499523198469noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2632237738270419458.post-14519113217620664212011-09-22T10:01:00.000-07:002011-09-22T10:01:28.976-07:00contido<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">mesmo que não fizesse</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">ainda que não fosse</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">embora estivesse sem</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">porque não tem</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">pois é certo que foi</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">talvez não tão</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">quanto pudesse fazer</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">se alterasse o</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">obter-se-ia um</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">porém, é óbvio que</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">não poderia querer</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">porquanto essa variação de </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">me mantivesse tão</span><br />
<div style="text-align: center;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">[contido]</span></div>
.guga valente.http://www.blogger.com/profile/18354027499523198469noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2632237738270419458.post-55105194985371451152011-08-14T20:45:00.000-07:002011-08-14T20:52:24.415-07:00resenhas preguiçosas<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Sei que estou sumido, meus cinco leitores. Sei que vocês querem tirar o Tessitura dos seus favoritos e enviá-lo aos bloqueados. Mas tenham dó desse pobre escritor sem ideias e com preguiça extrema. Assunto não me falta. Falta disposição para escrever sobre tudo o que tenho visto. E tempo também, sempre ele.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Depois de "Histórias extraordinárias", do Poe, li "Pequenas criaturas", do Rubem Fonseca, "Mundos invisíveis", do Marcelo Gleiser, "Demian", do Hermann Hesse, "A grande arte", do Rubem Fonseca novamente (to viciado nesse cara) e comecei um romance polonês de uma escritora chamada Dorota Maslowska que é bem no estilo <i>beat</i>, anos 70 e tal. Mas a história é desses tempos, os personagens têm celulares, rs. To desbravando as primeiras páginas, nem tenho opinião ainda sobre o que estou lendo.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O certo é que não resenhei nenhum desses livros que li de março pra cá e temo o tempo passar e eu perder a referência. Afinal, uma das razões de eu ter querido resenhar o que leio é na tentativa de eternizar minhas impressões sobre o que li. Mesmo sabendo que quando eu reler algumas dessas obras minha cabeça será outra, gostaria de saber o que eu pensava na época.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Então, pra eu não perder o fio da meada e nem vocês me abandonarem definitivamente, resolvi fazer comentários breves sobre essas obras. Estou com muita coisa na cabeça. Queria escrever um romance do Néverton, o personagem desse último texto que escrevi em junho ainda. Mas não senti uma resposta positiva dos meus leitores. E eu não quero escrever mais só pra mim, como já faço com as resenhas. Não quero confetes, queria uma resposta. Qualquer uma. Ando carente de estímulos. Ando preguiçoso. Preciso escrever. </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Vamo lá.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.skoob.com.br/img/livros_new/1/4305/PEQUENAS_CRIATURAS_1249266306P.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.skoob.com.br/img/livros_new/1/4305/PEQUENAS_CRIATURAS_1249266306P.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Pequenas criaturas - Rubem Fonseca produziu uma sequência de contos com personagens com conflitos típicos de crônica. Pequenas desgraças cotidianas seria um bom nome para a obra também. Mas é claro que "Pequenas criaturas" é muito superior, pois resume em duas palavras a verve de todos os personagens do livro. Alguns parecem mais significativos, como o garçom assassino do conto "Ganhar o jogo", outros, porém, como o velhote banguela e cadeirante do primeiro conto é de dar dó. Você ri da desgraça alheia porque se coloca no lugar dele e pensa, que merda de vida. E nós somos os brasileiros, esses miseráveis que riem da desgraça do outro, mas riem da própria desgraça também. Aliás, antes que outros riam; orgulhamo-nos. O livro é ótimo e faria uma excelente resenha dele se não fosse essa preguiça.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Mundos invisíveis - Marcelo Gleiser. Eu já gostava dos artigos do Gleiser na Folha, mas nunca tinha criado coragem de ler um livro seu. Medo de passar o que passei lendo "O universo na casca de noz", ou seja, incompreensão de 70% da obra do Hawking. Mas eis que me surpreendo com uma obra acessível, linda, fácil de ler e cronológica. Nada mais prático. Indicado pra curiosos em ciências exatas como eu. Da alquimia à física de partículas (aliás, acho que isso é o subtítulo do livro), ele faz um resumão do que aconteceu nos fatos e nos bastidores dos eventos históricos mais relevantes da ciência que tenta explicar do que tudo é feito. Lindo, vale muito a pena ler. Empolguei tanto que até comprei o último que ele lançou, "Criação imperfeita", uma bicuda na tão perseguida "teoria de tudo". Não li ainda, mas ta na fila.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.sikhspectrum.com/022003/images/demian.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://www.sikhspectrum.com/022003/images/demian.jpg" width="211" /></a></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Demian - Hermann Hesse é um autor que faz parte da minha vida desde que li Sidarta a primeira vez. Na verdade, desde que li que Clarice Lispector se impressionou com "O lobo da estepe" de tal modo que quase pirou. E isso foi antes de eu ler "Sidarta" (confira resenha desta obra láááá em baixo). Para muitos, as três obras mais importantes do escritor alemão são as citadas aqui. São as únicas coisas que li dele. Tem uma máxima na literatura de que os grandes escritores estão sempre tentando contar sua história nos seus personagens e enredos. Hesse não foge à regra e eu o vejo em seus principais personagens. Para que nunca o leu, a ordem que sugiro é "Demian", "Sidarta" e "O lobo da estepe". Pois bem, Demian não é o personagem principal, ao contrário das outras duas obras. Um personagem, Sinclair, é que conta a história e se refere a Demian diversas vezes. Uma obra intrigante, pois os personagens nada têm de comum. Questionadores, inteligentes e complexos, eles adotam as mais diversas posturas e os mais inusitados fatos permeiam toda a narrativa. Mas já adianto, é do tipo que devassa nossa vida, pois nos vemos muitas vezes nas mesmas desgraças em que se encontram os personagens.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A grande arte - Rubem Fonseca. Ando devorando a obra desse mineiro e ganhei de um aluno um de seus principais romances. Tava passando da hora de eu ler o cara na literatura em sua forma extensa. Não importam quantas páginas você leia, o estilo é tão seco e objetivo que você não quer parar de ler. Lembro-me de não marcar com o lápis o parágrafo em que parei (tenho esse hábito) só pra retomar logo a leitura. É uma das histórias do advogado criminalista Mandrake. O final é... diferente do que eu imaginava. Não curti muito; mas todo o lance com as facas e a constante luxúria como um dos temas sempre são válidos na literatura do cara. Muito bom, mas ainda prefiro seus contos mais recentes. Claro, você reconhece todo o esforço do autor no romance; há muito estudo ali, sem sombra de dúvida. Sei lá, sou fã de contos também, né?</span></div><div style="text-align: justify;"><a href="http://imagens.cotacota.com.br/img/1540/branco-neve-vermelho-russia-grande-1540-70717.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://imagens.cotacota.com.br/img/1540/branco-neve-vermelho-russia-grande-1540-70717.jpg" width="200" /></a><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Quando eu terminar o "Branco neve, vermelho Rússia" eu conto pra vocês. A julgar pela capa, o livro é uma lindeza.</span></div>.guga valente.http://www.blogger.com/profile/18354027499523198469noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2632237738270419458.post-44079519308941976532011-06-18T05:57:00.000-07:002011-06-18T05:57:07.329-07:00anotações de um homem cinza (I)<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Talvez isso vire um livro pra ser escrito em julho. </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">______</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">I<o:p></o:p></span></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">O meu hábito era tomar um banho às seis e dez naquela merda de chuveiro que não esquenta direito. Depois de vestir o uniforme, depois de comer o pão de ontem que o diabo sovou e tomar o café de marca barata, eu passava o gel no cabelo olhando no espelho que ficava em cima da cadeira que eu peguei da casa do meu padrasto. Anteontem olhei fixamente para minha cara, para o meu cabelo que precisava de aparo, esbocei um sorriso com as sobrancelhas voltadas pra baixo (eu gostava de parecer mau) e quando senti que minhas bochechas voltavam ao lugar assim como minhas sobrancelhas, a imagem do espelho descascado nos cantos continuou com a expressão. Senti um palor subir pela minha cara quando a vi dizer: “você é a imagem mais medíocre da derrota. Olhando assim pra você, não se pode sentir nem pena. Esse seu corpo macilento e essa eterna cara de segundo lugar são o perfeito espectro da incompetência humana. A verdade é esta: você é um derrotado. Olhe bem pra seus relacionamentos: a Diana, sua primeira e única namorada de verdade, deixou você porque você ‘era muito parado’; a Cláudia, a menina que você dizia ‘pegar’ para o povo da empresa nem sequer sabe da sua existência depois daquele beijo, bêbada, naquela ‘festa’ de bairro a que você foi – desacompanhado, diga-se; a Myrelli tem vergonha de falar pras amigas que deu pra você duas vezes de dó, de pura dó. Ela fala que deu porque estava a fim, mas ela deu porque acha que todo mundo merece comer alguém na vida, ou seja, é uma puta frustrada como você; a última é a Ceziane. Nessa você deposita uma fé de que vai dar certo, de que ela gosta realmente de você; não é bonita, nem é certa de corpo, é ‘legal’. Sabe o que aconteceu? Você diminuiu seu parâmetro para se sentir mais confiante. Mas isso não é ser superior, é reconhecer a sua ruína pessoal antes mesmo de tentar alçar qualquer voo. O que aliás seria uma estupidez descabida, já que se fôssemos aves, você seria a galinha aleijada sem asas. Entenda que suas ideias, o que dizem lá na igreja no domingo, que você frequenta somente por peso de consciência, você não ouve de fato o que dizem lá e quando ouve, não entende, entenda que suas ideias não são originais. Nada do que você faça alguém perto de você já não tenha feito. Você é o produto importado da China que amarela. Você é mais barato. A sua dignidade restringe-se ao fato social chamado trabalho. Naquela loja de colchões você realmente acha que algum dia vai se destacar, que vai passar o Cleber nas vendas, vai impressionar o Márcio e ele te elogiará na frente dos outros vendedores. Mas isso não vai acontecer. Não vai porque você nasceu estagnado. Você não lembra, mas nos dias em que ficou encubado pra ver se sobrevivia, você deveria ter escolhido não vir pra cá, deveria ter ficado lá dentro. Mas num esforço sobre-humano dos médicos, você veio à tona. Pela primeira (e não última) vez, não foi você quem decidiu. O tempo, a vida, as pessoas têm te empurrado. Seu tempo particular, psicológico, é atrasado, como o dos relógios paraguaios que seu pai vendia quando você era pequeno. A separação dos seus pais porque ele era um canalha e transava com todas as amigas da sua mãe (esse y você não herdou) aconteceu e parece que até hoje você não se deu conta disso. Seu pai superou, sua mãe superou, arranjou outro pra explorá-la e você, no fundo do seu raso âmago, acha que um dia eles vão voltar. Você tem vinte e três anos e esperança de nove! Entende o quanto é simplório? E ainda acha que os amigos ao seu redor são pessoas em que pelo menos você pode confiar... o Claudiosmar, seu ‘melhor amigo’, está, neste exato momento, se masturbando pensando na Ceziane. É provável que ele chegue nela antes de você. É provável que você se esquive quando ele vier te contar que a está ‘pegando’. É provável que você ache legal da parte dele te contar isso. Numa comparação, porque parece que você só entende as coisas ilustradas, é como se alguém enfiasse os dedos nos seus olhos só pra saber como é o prazer de fazer isso, e você ainda deixasse!! O Tibúrcio disse ontem, bem atrás de você, e é bem possível que você tenha escutado e, na sua covardia estonteante, tenha fingido que não ouviu, ele disse que sua calça é um número maior do que os 36 que você usa e que sua bunda desaparece com a camisa frouxa, mal disposta nas suas costas. Mas ele não disse por brincadeira, fazendo troça como fazem os amigos. Disse isso porque é importante para ele humilhar alguém pior do que ele, alguém que esteja num patamar mais raso que o dele. Você é essa pessoa educada, humilde, ‘gente-fina’, faz tudo o que te mandam, tudo. Incrível como ainda não te chutaram a cara, o tanto que você erra quando faz aos outros. Já reparou que a palavra que você mais usa é ‘desculpa’? Você se desculpa por tudo e com todos. Imagino que já tenha passado pela sua cabeça pedir desculpas a alguém por você existir, mas não, você não tem essa capacidade de reflexão ou noção de se autopunir para atingir um outro patamar. Você está na sombra, fora do radar das reprimendas do crescimento. Você está na sobra. Você está no canto cinza da existência, no morno, resultando todos os dias da ingratidão humana frente a seus inúmeros desafios. Mas você não é vítima. A vítima é o resultado de uma injustiça. Você se sacaneia. Você se sabota. Você cria todas as condições necessárias para a humilhação diária. Essa é a sua única casca: a sensação de resistir a insultos e mágoas sem se ferir profundamente. Ironicamente, o que te salva é exatamente o que te torna tão pueril e diletante.”</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgi0oEurql0ImQ5ViOUdalLj70TGrOqtlHxM6VetiA_OUN5RjwDsusx2zedekgXAypA41Yhwmh08u5b110Es5Y5soCzoJ8aZYFbABrtLNtrQ1OnThtE0fWxrl3nIGcRtShuyT8aYj-xt6s/s1600/n%25C3%25A9verton.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="210" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgi0oEurql0ImQ5ViOUdalLj70TGrOqtlHxM6VetiA_OUN5RjwDsusx2zedekgXAypA41Yhwmh08u5b110Es5Y5soCzoJ8aZYFbABrtLNtrQ1OnThtE0fWxrl3nIGcRtShuyT8aYj-xt6s/s320/n%25C3%25A9verton.jpg" width="320" /></a><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Depois disso eu fiquei meio aéreo; resolvi por um lençol azul desbotado que eu peguei na casa da minha mãe sobre o espelho de bordas alaranjadas. Que droga, eram cinco pras sete e eu tinha que entrar às sete e meia na terça, porque era dia de balanço. Cheguei atrasado quase trinta minutos e o Márcio me deu um esporro daqueles. Acho que preciso acordar mais cedo.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div>.guga valente.http://www.blogger.com/profile/18354027499523198469noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2632237738270419458.post-68768150508461118912011-06-04T15:50:00.001-07:002011-06-04T15:51:05.293-07:00texto do outro<div class="MsoNormal" style="font-family: Impact, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18pt; vertical-align: baseline;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Abaixo eu reproduzo o texto de um dos meus mestres (e olha que ele nem foi meu professor formal!) Alexandre Costa sobre o debate acerca do livro do MEC. Já me posicionei sobre o assunto, mas ele fala com a propriedade que lhe cabe como linguista. </span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Impact, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18pt; vertical-align: baseline;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Impact, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18pt; text-align: center; vertical-align: baseline;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A 'inguinorança' dos puristas hipócritas</b><o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Impact, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; vertical-align: baseline;"></div><div class="MsoNormal" style="font-family: Impact, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; margin-bottom: 7pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 7pt; vertical-align: baseline;"></div><div style="font-family: Impact, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18pt; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A polêmica sobre a aprovação do MEC à distribuição de um livro que incentivaria os "erros de português" tem mais "equívocos" do que aqueles que possam ser encontrados na obra. A ignorância sobre a questão passa pela absoluta desinformação sobre o que seria, de fato, "erro", "gramática" e "uso" e mesmo a tal "unidade da língua nacional".</span></div><div style="font-family: Impact, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 24px;"><br />
</span></div><span class="Apple-style-span" style="font-family: Impact, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span></span><br />
<div style="line-height: 18pt; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Impact, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Assim, por exemplo, quando a obra afirma que seja possível falar "os livro" ou "nós pega os peixe", não estaria, em princípio, incentivando que as pessoas cometam "erros", mas assumindo um fato que é cientificamente provado há décadas pela linguística brasileira. Todos os falantes da língua portuguesa brasileira cometem tais "erros" na fala. Nos dois exemplos, há erros de concordância apenas, e somente de concordância de número.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Impact, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 24px;"><br />
</span></span></span></div><span class="Apple-style-span" style="font-family: Impact, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 18pt;"><div style="text-align: justify;">As línguas são redundantes, ou seja, todas têm a propriedade de repetir elementos formais e semânticos para compensar o "ruído" que possa dificultar a comunicação. Por isso que qualquer falante do português encontrará a marca do plural nestas frases: 1.as casas verdes são maiores; 2. as casas verde são maiores; 3. as casa verde são maiores; 4. as casa verde são maior; 5. as casa verde é maior.</div></span><div style="text-align: justify;"><br />
</div><span class="Apple-style-span" style="line-height: 18pt;"><div style="text-align: justify;">Nenhum falante eliminará a marca de plural do artigo e algumas das frases são menos produtivas, quer dizer, mais improváveis, sobretudo a de número três. O uso da língua funciona de modo complexo e regular e nenhum dos exemplos é mais complexo do que o outro, são apenas diferentes. A ideia de que uma determinada variedade idiomática seja melhor do que outra é milenar e advém da identificação da língua oral à língua escrita, com privilégio para a segunda. Esse fenômeno tem a ver com o uso da escrita para o registro de textos sagrados e legais, ou seja, diz respeito ao valor simbólico dos discursos religiosos, políticos e jurídicos, cujos efeitos se impregnaram na língua escrita.</div></span><div style="text-align: justify;"><br />
</div><span class="Apple-style-span" style="line-height: 18pt;"><div style="text-align: justify;">No entanto, em todas as épocas e lugares, "uma língua" sempre funciona, na realidade, como "várias línguas". No nosso caso brasileiro, e de modo muito simplificado, o português que nos chegou foi resultado da variação diacrônica do galego que também passa pelo espanhol. Aqui já estavam os povos indígenas e, durante séculos, foram faladas em nosso território as chamadas línguas gerais: misturas de várias línguas indígenas e de variedades do português de Portugal. Depois vieram os escravos e migrantes, e a língua portuguesa do Brasil nunca foi e nunca será a de Portugal (aliás, é a língua portuguesa de Portugal que tem ficado mais "brasileira" pela influência da mídia...).</div></span><div style="text-align: justify;"><br />
</div><span class="Apple-style-span" style="line-height: 18pt;"><div style="text-align: justify;">No entanto, até bem pouco tempo, insistia-se na colocação pronominal portuguesa em detrimento da brasileira. Hoje em dia, basta assistir televisão para ver que no Jornal Nacional isso permanece como regra. Seus repórteres dizem cotidianamente "Me contaram", "Nos informaram", "O prenderam" e ninguém escreve cartas ou artigos sobre a recorrência dos "erros de colocação pronominal" na mídia.</div></span><div style="text-align: justify;"><br />
</div><span class="Apple-style-span" style="line-height: 18pt;"><div style="text-align: justify;">Um "erro grave" é sempre o "erro do outro". Em Goiânia, se escuta "nós vai" com tanta frequência como se ouvirá, em Porto Alegre, "tu fez". Mas não se escreve assim nos jornais. Isso é um fato. Outra coisa, bem diferente, é o modo como a escola deve tratar a relação entre a língua escrita e a falada no processo de aprendizagem da comunicação pública e, sobretudo, no estudo da ciência e da cultura.</div></span><div style="text-align: justify;"><br />
</div><span class="Apple-style-span" style="line-height: 18pt;"><div style="text-align: justify;">A modalidade oral é anterior na nossa formação social. Aprendemos a falar interagindo com a família e o mundo. Aprendemos a falar agindo, e nenhum pai, em sã consciência, fica corrigindo os "erros de português" de seu filho nos seus primeiros anos. Haverá, claro, aquele que passará a fazê-lo mais tarde, sem perceber que comete os mesmos erros de vez em quando. Corrigir o português do outro é uma perversidade atávica que herdamos de nossa origem colonial: há um prazer maldoso em subjugar a fala do outro.</div></span><div style="text-align: justify;"><br />
</div><span class="Apple-style-span" style="line-height: 18pt;"><div style="text-align: justify;">No processo de formação escolar, os estudantes têm de conhecer e aprender a língua padrão escrita para ter acesso aos já citados discursos privilegiados da cultura, da religião e da ciência. Isso já está posto em nossos currículos desde a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais, cuja formulação envolveu estudiosos de todo o País. Mas a correção gramatical não é o primeiro nem o mais importante fator para a aprendizagem da língua padrão. Antes de aprender a "não errar", precisamos aprender a "acertar".</div></span><div style="text-align: justify;"><br />
</div><span class="Apple-style-span" style="line-height: 18pt;"><div style="text-align: justify;">Os estudantes necessitam de motivos para estudar. O acesso à leitura e à escrita deve dar-se em atividades significativas cujo valor os leve gradualmente ao mundo adulto e público. Nenhum adolescente vai interessar-se por um texto machadiano se nunca refletiu sobre si mesmo; nenhum aluno vai gostar de ler Grande Sertão: Veredas , se não refletiu sobre a beleza da variação linguística. Além disso, para aprender a ler e a escrever é preciso aprender a falar e a escutar. Mas não "corretamente" apenas: é preciso aprender a falar, escutar, ler e escrever "atentamente".</div></span><div style="text-align: justify;"><br />
</div><span class="Apple-style-span" style="line-height: 18pt;"><div style="text-align: justify;">A correção gramatical só é relevante quando vem por último: primeiro, é preciso falar muito, escutar muito, ler muito e escrever muito; depois, é preciso refletir sobre os modos e os sentidos dessa atividade linguística, e suas possibilidades de expressão; e só mais tarde haverá razão para usar a metalinguagem gramatical como ferramenta para a aprendizagem da língua padrão. Sim, a aprendizagem gramatical é importante. Aliás, seu valor é mais relativo à lógica e à estrutura da linguagem e do conhecimento do que à mera "correção linguística". Ninguém precisa estudar gramática para aprender a falar ou escrever corretamente: basta ouvir e ler e consultar dicionários - e decorar... É isso que a maioria dos "campeões da correção linguística" faz: decoram. Apesar de honrosas exceções, não sabem gramática nem como tradição nem como ciência. Suas apostilas, na maioria dos casos, são cópias de boas gramáticas tradicionais.</div></span><div style="text-align: justify;"><br />
</div><span class="Apple-style-span" style="line-height: 18pt;"><div style="text-align: justify;">Enfim, aceitar que se fale ou que se escreva com "erros" - ou melhor, com padrões de concordância da fala, neste caso - não significa que se deva deixar de, em algum momento, e de modo produtivo e adequado, ensinar a variedade padrão escrita e a oralidade letrada padrão. Aprender a usar a língua e a conhecer o mundo da cultura que nela se encontra e se constitui é algo muito mais complexo do que questões de ortografia ou concordância.</div></span><div style="text-align: justify;"><br />
</div><span class="Apple-style-span" style="line-height: 18pt;"><div style="text-align: justify;">A "grande polêmica" sobre o tal "incentivo ao erro de português" aprovado pelo MEC só impressiona a quem não conhece os verdadeiros problemas da educação brasileira. Os mais ferozes e vorazes debatedores, via de regra, nunca pisaram numa escola pública de periferia. Mais do que desinformado, esse debate é hipócrita.</div></span><div style="text-align: justify;"><br />
</div><span class="Apple-style-span" style="line-height: 18pt;"><div style="text-align: justify;">A linguagem é a peça-chave do processo educativo e envolve questões, problemas e métodos absurdamente mais complexos do que esse tipo de debate enseja. Vá à escola do seu filho e pergunte a professores, coordenadores e diretores sobre o planejamento interdisciplinar e transversal da escola. Se a disciplina de língua portuguesa não estiver no centro dessas atividades, caso elas existirem, é sinal de que seu filho está perdendo os melhores anos de sua vida com atividades burocráticas e emburrecedoras.</div></span><div style="text-align: justify;"><br />
</div><span class="Apple-style-span" style="line-height: 18pt;"><div style="text-align: justify;">Não há nada, enfim, a reprovar na obra aprovada pelo MEC, pelo menos com relação às críticas feitas. Se existe algum problema a ser debatido é o fato de alguns formadores de opinião divulgarem e promoverem a desinformação.</div></span></span></span>.guga valente.http://www.blogger.com/profile/18354027499523198469noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2632237738270419458.post-50250994949866499482011-05-08T20:25:00.000-07:002011-05-08T20:27:02.827-07:00pq atheneu facts<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Bem, com o único objetivo de trollar meus amigos que moram longe (ou se entocam, como preferirem), mais especificamente num bairro afastado de Goiânia (duplo sentido <i>on</i>), o incrível Parque Atheneu, criei uma hashtag no Twitter intitulada Parque Atheneu Facts. Seguem agora todos os fatos sobre esse nobre e longínquo bairro goianiense que faz fronteiras continentais. A brincadeira é saudável e muitos habitantes dessa ilha gostaram da ideia e me mandaram algumas pérolas, como "O Pq. Atheneu é tão longe, mas tão longe, que a AIDS nem chegou lá ainda, ficou no HDT." Fazendo referência ao hospital que fica próximo à entrada do condomínio. </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Um cheiro pra vocês. Apreciem e retuítem.</span></div><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">**</span><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><img height="272" src="http://i64.photobucket.com/albums/h189/chmineral/Excesso/ParqueAtheneu.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="400" /></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Percebam o tamanho e isolamento desse bairro forever alone</span></td></tr>
</tbody></table><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="apple-style-span">·<span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span><span class="apple-style-span">O pq Atheneu é tão longe, mas tão longe, que o ônibus coletivo pra lá tem banheiro.</span><span class="apple-converted-space"> </span><span class="apple-style-span"><o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="apple-style-span">·<span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span><span class="apple-style-span">O pq Atheneu é tão longe, mas tão longe, que lá tem sotaque próprio.</span><o:p></o:p></span></div><div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="apple-style-span">·<span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span><span class="apple-style-span">O pq Atheneu é tão longe, mas tão longe, que a saída pra São Paulo lá é conhecida também como entrada pra São Paulo.</span><o:p></o:p></span></div><div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="apple-style-span">·<span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span><span class="apple-style-span">O pq Atheneu é tão longe, mas tão longe, que a venda da esquina fica na linha do Equador.</span><o:p></o:p></span></div><div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">·<span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span><span class="apple-style-span">O Pq. Atheneu é tão longe, mas tão longe, que a população lá não é bairrista, é patriota.</span><span class="apple-converted-space"> </span> </span></div><div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="apple-style-span">·<span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span><span class="apple-style-span">O Pq. Atheneu é tão longe, mas tão longe, que enquanto Goiânia era planejada, lá estava sendo descoberto.</span><o:p></o:p></span></div><div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="apple-style-span">·<span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span><span class="apple-style-span">O Pq. Atheneu é tão longe, mas tão longe, que as pessoas de lá se cumprimentam usando a saudação romana "ave!".</span><o:p></o:p></span></div><div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="apple-style-span">·<span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span><span class="apple-style-span">O Pq. Atheneu é tão longe,mas tão longe, que o filme "Os mercenários" foi filmado metade no Brasil e metade no Pq. Atheneu.</span><o:p></o:p></span></div><div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="apple-style-span">·<span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span><span class="apple-style-span">O Pq. Atheneu é tão longe, mas tão longe, que Judas achou lá suas botas.</span><o:p></o:p></span></div><div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="apple-converted-space">·<span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span><span class="apple-style-span">O Pq Atheneu e tao longe mas tao longe que os computadores de la com acesso discado nao tem acento</span><span class="apple-converted-space"> ou pontuacao</span><o:p></o:p></span></div><div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="apple-converted-space">·<span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span><span class="apple-style-span">O Pq. Atheneu é tão longe, mas tão longe, que o clima tenso no Oriente Médio afeta as vizinhanças do bairro.</span><span class="apple-converted-space"> </span><o:p></o:p></span></div><div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="apple-style-span">·<span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span><span class="apple-style-span">O Pq. Atheneu é tão longe, mas tão longe, que a grandeza "pra caralho", que tende ao infinito, foi criada numa viagem de ônibus pra lá.</span><o:p></o:p></span></div><div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="apple-style-span">·<span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span><span class="apple-style-span">O Pq. Atheneu é tão longe, mas tão longe, que lá tem comidas típicas.</span><o:p></o:p></span></div><div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="apple-converted-space">·<span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span><span class="apple-style-span">O Pq. Atheneu, na verdade, nem é tão longe assim. <a href="http://twitter.com/#!/search?q=%23PrimeiroDeAbril" title="#PrimeiroDeAbril"><span class="Apple-style-span" style="color: black;">#PrimeiroDeAbril</span></a></span><span class="apple-converted-space"> </span><o:p></o:p></span></div><div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="apple-converted-space">·<span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="apple-style-span"><span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span><span class="apple-style-span">O Pq. Atheneu é tão longe, mas tão longe, que esqueci uma agenda 2010 lá e, quando fui buscar, já estávamos em 2011.</span></span></div><div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="apple-style-span">·<span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span><span class="apple-style-span">O Pq Atheneu é tão longe, mas tão longe, que dá pra comprar muambas paraguaias por lá apenas atravessando uma rua.</span><o:p></o:p></span></div><div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="apple-style-span">·<span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span><span class="apple-style-span">O Pq. Atheneu é tão longe, mas tão longe, que as imagens ao vivo feitas lá têm delay ao aparecer no telejornal de Goiânia.</span><o:p></o:p></span></div><div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="apple-style-span">·<span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span><span class="apple-style-span">Gente, entenda: eu não odeio o Pq. Atheneu, só estou listando uns pontos pra justificar a nossa ida até lá. Ou o fato de lá ser habitado.</span><o:p></o:p></span></div><div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="apple-style-span">·<span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span><span class="apple-style-span">O Pq. Atheneu é tão longe, mas tão longe, mas tão longe, mas tão longe, mas tão longe, mas tão longe, mas tão longe, mas t...</span><o:p></o:p></span></div><div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="apple-style-span">·<span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span><span class="apple-style-span">O Pq. Atheneu é tão longe, que Julio Verne quando escreveu "A volta ao mundo em 80 dias" tinha pensado no Pq como enredo.</span><o:p></o:p></span></div><div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="apple-style-span">·<span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span><span class="apple-style-span">O Pq. Atheneu é tão longe, mas tão longe, que lá tem bandeira e hino próprios.</span><o:p></o:p></span></div><div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="apple-style-span">·<span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span><span class="apple-style-span">- Ondcê mora? - Lonj pa caraio. - Pq. Atheneu?</span><span class="apple-converted-space"> </span><span class="apple-style-span"><a href="http://twitter.com/#!/search?q=%23diadapoesia" title="#diadapoesia"><span style="text-decoration: none;">#diadapoesia</span></a></span><o:p></o:p></span></div><div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="apple-converted-space">·<span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span><span class="apple-style-span">O Pq. Atheneu é tão longe, mas tão longe, que o ensino lá é a distância.</span><span class="apple-converted-space"> </span><o:p></o:p></span></div><div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="apple-style-span">·<span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span><span class="apple-style-span">O Pq. Atheneu é tão longe, mas tão longe, que os parqueatheneuenses são também conhecidos como imigrantes.</span><o:p></o:p></span></div><div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="apple-converted-space">·<span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span><span class="apple-style-span">O Pq. Atheneu é tão longe, mas tão longe, que os animais de lá não receberam nome científico ainda.</span><span class="apple-converted-space"> </span><o:p></o:p></span></div><div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="apple-converted-space">·<span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span><span class="apple-style-span">O Pq Atheneu é tão longe, mas tão longe que tem uma nova operadora de celulares chegando por lá: Americel</span><span class="apple-converted-space"> </span><o:p></o:p></span></div><div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="apple-style-span">·<span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span><span class="apple-style-span">O Pq Atheneu é tão longe, mas tão longe, que os números de telefone lá só têm sete números.</span><o:p></o:p></span></div><div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="apple-style-span">·<span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span><span class="apple-style-span">O Pq Atheneu é tão longe, mas tão longe, que estão estudando cobrar pedágios nos dezoito quebra-molas, da cidade até lá.</span><o:p></o:p></span></div><div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="apple-style-span">·<span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span><span class="apple-style-span">O Pq Atheneu é tão longe, mas tão longe, que a quarta-feira de cinzas cai na sexta lá.</span><o:p></o:p></span></div><div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="apple-converted-space">·<span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span><span class="apple-style-span">O Pq Atheneu é tão longe, mas tão longe, que se o mundo fosse quadrado, lá ficaria numa quina.</span><span class="apple-converted-space"> </span><o:p></o:p></span></div><div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="apple-style-span">·<span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span><span class="apple-style-span">O Pq Atheneu é tão longe, que quando você está indo pra lá, quando chega, já está na hora de voltar. (E vc está atrasado)</span><o:p></o:p></span></div><div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="apple-converted-space">·<span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span><span class="apple-style-span">O Pq Atheneu é tão longe, mas tão longe que para chegar lá é preciso passar pela alfândega.</span><span class="apple-converted-space"> </span><o:p></o:p></span></div><div class="MsoListParagraphCxSpLast"><o:p><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="apple-converted-space"><span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="apple-style-span">O Pq. Atheneu é tão longe, mas tão longe, que quem decide ir morar lá precisa de green card.</span></span> </span></o:p></div>.guga valente.http://www.blogger.com/profile/18354027499523198469noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2632237738270419458.post-45400065900204939802011-03-30T07:54:00.000-07:002011-03-30T07:54:36.966-07:00o cacho de uvas e a raposa (desfábula)<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Certa vez um cacho de uvas passeava por um pomar quando deu com um pé de raposas carregado. Notou que uma das raposas estava madurinha e mais baixa que as demais, pronta para ser abatida. Tomou distância e, num salto como nunca saltou, raspou o talo na cauda da raposa, mas não alcançou seu objetivo.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Cansado e com muita tanta fome, mas deslumbrado com a possibilidade, tomou mais distância e, com ainda mais força, saltou mais alto que anteriormente, desta vez conseguindo dependurar-se no vistoso rabo da raposa. Porém, ainda não seria daquela vez, ele acabou escorregando.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Quase desistindo da empreitada, um pensamento chinês perpassou sua cabeça de uva: "melhor morrer tentando que desistindo", e isso o encheu de coragem e força de vontade. Num salto com vara de tão alto (mas obviamente sem vara), alcançou a raposa e conseguiu colhê-la para, então, devorá-la finalmente com imenso prazer.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>MORAL: A ordem dos fatores altera o produto</b></span></div>.guga valente.http://www.blogger.com/profile/18354027499523198469noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-2632237738270419458.post-15659297309543224292011-03-19T17:19:00.000-07:002011-03-19T17:20:37.890-07:00adote um carro pequeno<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Tenho falado desse assunto constantemente em sala de aula com meus alunos. Chegou a hora de verbalizar por escrito. </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">*</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Goiânia tem hoje a maior frota de carros do país, proporcionalmente. Tem a segunda maior frota de motocicletas, em números absolutos, ficando atrás apenas de São Paulo. A última estimativa que li, dava conta de que há um automóvel para cada 1,7 habitante. Fora isso, a capital de Goiás tem um trânsito estrangulado e, em horários de pico, as histórias de São Paulo a que assistimos pela tevê parecem com as nossas: engarrafamentos, ruas apertadas, perda de tempo, estresse. O carro está virando nosso segundo lar/escritório. Cada dia vemos mais pessoas "trabalhando", lendo, comendo e usando o veículo não só para o que ele foi destinado (e que não cabe colocar nesse blog de família).</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> O goiano adora ter seu veículo. Pra nós, é uma questão de sucesso mostrar aos demais que temos o nosso carro. Os outros compactuam com essa ideia e aqueles que ainda não têm os seus, não veem a hora de os ter. Ninguém quer metrô ou um transporte coletivo de melhor qualidade. Quer andar em seu carrinho. De preferência sozinho, afinal, goiano que é goiano não dá carona, vai pro mesmo lugar com um bando de outras pessoas desacompanhados em seus carros. Repare no próximo churrasco da faculdade/colégio a que você for: cada um no seu quadrado.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Mas isso não é tudo, o goiano, em especial o goianiense, adora carro grande. A moda dos SUVs (Special Utility Vehicle, na sigla em inglês, ou "utilitário premium") na Europa já passou faz anos. Nos EUA, onde as avenidas são largas e há transporte público de qualidade, ainda existem muitos carrões. No entanto, as cidades norte-americanas não foram projetadas para cinquenta mil habitantes como Goiânia (que hoje abriga 1.301.892 de pessoas). Aqui, o cara adora ter um carro gigante, mesmo que ele more sozinho e não utilize todo aquele espaço interno. E o que dizer das caminhonetes? Não bastasse a cultura sertanejoide da cidade (músicas, bares, vestimentas, gírias...), ter uma caminhonete nesta cidade é sinônimo de <i>status</i>. Teoricamente ela é destinada para o campo, para carregar objetos, utensílios, produtos da roça, enfim. O curioso é que a maioria delas não vê nem poeira. Não chegam de fato a ir pra roça no final de semana e desfilam pela cidade com capotas maritmas tampando um vão de um metro e meio vazio. Ou pior, lotado de som para disparar os alarmes dos milhares de carros estacionados pelas ruas.</span></div><div style="text-align: center;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Numa rápida comparação, os carros grandes (SUVs e caminhonetes) têm em média de quatro a seis metros de comprimento. Na outra ponta, os carros chamados populares (exceto em seus preços) têm entre 3,60m e 3,80m. Para se ter uma noção, os minis medem entre 2,70m (Smart Fortwo) e 3,55m (Fiat Cinquecento). Em outras palavras, quem têm uma F-250, com seus imensos 5,83 de comprimento, ocupa o espaço de dois Fortwo com uma distância de 43cm ainda entre eles. Se formos fazer conta, considerando o número desses trogloditas com rodas, veremos que eles contribuem substancialmente para a piora de nosso trânsito, pois ocupam um espaço que não precisariam ocupar. </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div></div><div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsP4guqz9Lmr7hGDAxTSsvsg_qiyrkS-PbgZL_u5COv8Ys_0K5kx4b0NU7wRZLfbEfv_suKqlOxaXT9naBRZcQlbPMs61pc9KfD_8fiJTYgXcpXepCSGUg44tK6yglMBonzqQrJAHIOho/s1600/hillux+x+for2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsP4guqz9Lmr7hGDAxTSsvsg_qiyrkS-PbgZL_u5COv8Ys_0K5kx4b0NU7wRZLfbEfv_suKqlOxaXT9naBRZcQlbPMs61pc9KfD_8fiJTYgXcpXepCSGUg44tK6yglMBonzqQrJAHIOho/s400/hillux+x+for2.jpg" width="398" /></a></div><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Mas a cultura da modinha, ah, essa danadinha... O goianiense não suporta a ideia de ter um carro pequeno. Ele quer um carro cada vez maior. O argumento "quem anda num carro grande não consegue mais andar em carro pequeno" é tão ridículo quanto "jogar só um papelzinho de balinha no chão não sujar a cidade", mas é o preferido entre as pessoas que dirigem esses caminhões de passeio. Eu entendo as famílias que têm aí, sei lá, três, quatro filhos possuírem um veículo que os caiba confortavelmente em seus passeios ou viagens. A propósito, acredito que todos nós temos direito ao conforto. Porém, quantas famílias de fato hoje têm essa quantidade de gente? O perfil dessa instituição tem mudado bastante nos últimos anos. As pessoas têm trabalhado mais, assumido mais sua condição homossexual, constituído famílias de dois membros (sem duplos sentidos, <i>per favore</i>), tido apenas um filho... Pra que ter todo o conforto de uma Hillux se se pode ter todo o conforto de um Aircross (ainda um carro grande, caro, mas "chique")? Só nessa comparação obtém-se um metro de economia. Isso porque estamos falando apenas dos carros. As motos, mesmo as grandes, ocupam espaços inferiores aos menores carros disponíveis no mercado.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Por falar em economia, os transformers também consomem mais. O Tucson, por exemplo, faz uma média de seis quilômetros/litro. É muito pouco comparado ao que se faz num Uno, quase três vezes mais quilômetros rodados. </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> É preciso transporte público de qualidade? Sim. As pessoas têm de dar mais caronas? Sim. Têm de andar mais de moto, bicicleta e a pé? Sim. Os viadutos, as ondas verdes nas grandes avenidas e a eliminação das rotatórias ajudam na melhoria do trânsito? Sim, mas como paliativo, já que a população não para de crescer e comprar carro. A cultura do carro grande precisa mudar? Sim, e esse é o sim mais importante de todos, uma vez que se essa cultura dos carros enormes mudasse, teríamos muito mais espaço nas ruas e um problema muito mais facilmente remediado.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> No final das contas, tentando evitar o colapso do trânsito de Goiânia, nem defendo tanto o combustível mais barato. Se isso acontecesse nessa semana, o colapso na capital não ocorreria nos próximos anos, mas nos próximos minutos. Acho que vou encabeçar uma campanha: </span></div><div style="text-align: center;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"Quer ser chique? Troque seu SUV por um mini".</span></b></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>.guga valente.http://www.blogger.com/profile/18354027499523198469noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2632237738270419458.post-51412167201447597172011-03-05T12:59:00.000-08:002011-03-05T12:59:53.186-08:00é rata<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Twitter, gêneros textuais/discursivos, tweet, hashtag, texto, hipertextos, azul, coluna, Al Gore, Campus Party, #FicaDica</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Todas essas palavras no texto "gênero novo" estão destacadas com hiperlinks que deram muito trabalho pra eu os escolher e que, só hoje, descobri num outro pc que não aparecem destacadas no blog. Terei de mexer nas configurações. É como construir um castelo de cartas e depois alguém dizer que ele não é válido, que aquelas cartas não são sequer enxergadas. Shit. </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Então, para quem interessar possa, as palavras acima naquele texto levam a outros vários textos, como é a função do hipertexto. </span></div>.guga valente.http://www.blogger.com/profile/18354027499523198469noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2632237738270419458.post-78794167828053024872011-02-14T17:25:00.000-08:002011-02-14T17:25:56.287-08:00histórias extraordinárias<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Não tenho medo de confessar que comecei a ler tarde. Nem que conheço muito pouco ainda de tudo o que tenho vontade de ler. Ainda restam muitos "clássicos" e outros nem tão falados assim, mas igualmente importantes. Estou no meio do meu processo de formação como leitor e tenho orgulho de ter consciência disso, como aquela neurocientista que teve um derrame e tentou sozinha racionalizar o que acontecia com ela. Assista ao vídeo (<a href="http://youtu.be/m0O0Il8Vn_g">1</a> e <a href="http://youtu.be/thWwpYNN3-A">2</a>), é muito divertido e bonito.</span></div><div style="text-align: justify;"><a href="http://farm4.static.flickr.com/3330/3211269794_c07527aba6.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://farm4.static.flickr.com/3330/3211269794_c07527aba6.jpg" width="320" /></a><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Edgar Allan Poe era, para mim, um clássico que eu precisava ler, sobretudo porque sou um apaixonado por literatura fantástica e ele é seminal nisso e na literatura policial, como se pode ver no conto "A carta roubada" e "Assassinatos na rua Morgue" (este não tem na minha coletânea), ambos com o investigador Dupin, uma espécie de pré-Sherlock Holmes. Se Poe não tivesse morrido tão cedo, quem sabe não tivesse escrito mais histórias como as citadas e Dupin não fosse tão famoso como o investigador inglês. O certo é que "A carta..." é muito instigante. Quando assisto a minhas séries policiais, tenho aquela mesma sensação ao ler o conto. A diferença é que na literatura nós é que dirigimos a história, e nossa imaginação é responsável por todo o processo de criação - junto ao texto.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O primeiro conto da coletânea, "Ligéia", me deixou chateado. Esperava algo mais pungente e curioso. É soturno, e num romantismo de lirismo meio insosso encheu um pouco minha paciência. Impressão que foi desfeita na maioria dos contos seguintes.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Notei que os narradores de Poe nessa coletânea são todos personagens e contam suas histórias sob a perspectiva da primeira pessoa, o que nos aproxima dos acontecimentos narrados. Gosto da primeira pessoa, mas queria ter lido algo dele em terceira também. Às vezes é coisa do autor. O Saramago gosta de explicar os nomes dos personagens no começo de suas obras e sempre há cães nelas. Estilo.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> "Gato preto" é um clássico que eu já tinha lido há muito tempo. Lembro que na época a sensação que me causou foi de estranheza. Dessa vez, a releitura foi rápida, deglutiva, rascante e deliciosa no desfecho. Era isso que funcionava! Esse <a href="http://www.gargantadaserpente.com/coral/contos/apoe_gatop.shtml">conto</a> é recomendado pra todo mundo que gosta de histórias mais macabras e bizarras. Dá vontade de reler trinta vezes.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Um dos contos que mais me chamou a atenção foi "O sistema do doutor Alcatrão e do professor Pena". Tenho um gosto especial por histórias de hospício desde a leitura do clássico "O alienista", do Machadão. E, óbvio, é inevitável fazer a intertextualidade entre os dois contos. Aliás, impossível também não se lembrar do ótimo e trágico "Só vim telefonar", do García Marquez em seus <i>Doze contos peregrinos</i>. Vale a leitura dos três. Aquele ambiente, o discurso "não estou louco" e a vulgar conclusão "todos estão loucos" não tira o brilho de nenhum deles, e o de E.A.P. é bem divertido.</span></div><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://www.cienciamao.usp.br/dados/fic/_historiasextraordinarias.zoom.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://www.cienciamao.usp.br/dados/fic/_historiasextraordinarias.zoom.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capa da versão da Cia. das Letras</td></tr>
</tbody></table><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> "O poço e o pêndulo" é outro nome-fácil dessa leva de literatura e vale ser lido inúmeras vezes também. Que incríveis as imagens de games como "Resident evil" ou "God of war" podem ser resgatadas lendo essa história. Macabríssima.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Gostei excessivamente de "O escaravelho de ouro", pois passei parte da leitura lembrando do "O escaravelho do diabo", <a href="http://ebooksgratis.com.br/livros-ebooks-gratis/literatura-nacional/infanto-juvenil-o-escaravelho-do-diabo-lucia-machado-de-almeida/">obra</a> de Lúcia Machado de Almeida, da clássica série Vaga-lume, que muitos de nós lemos nos anos 8tenta. Em comum com a obra infanto-juvenil, um escaravelho, uma história de mistério que tem uma reviravolta muito bacana no clímax. Nada que não vejamos hoje no <i>Law and Order: special victims unit</i>, mas pra época aquilo era soberbo. Foi das histórias que mais gostei, destaque para a engenhosidade do autor para pensar em tudo aquilo e fazer todos aqueles cálculos. Eu admiro escritores da literatura que sacam de matemática.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> "William Wilson" também é bem estranha e desperta bastante curiosidade no leitor por ter o personagem um tipo de sósia que o persegue e o irrita na mesma medida que o complementa. Desfecho muito bom.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Demorei meses na leitura das dezoito histórias extraordinárias de Poe, pois como gosto sempre de fazer, leio devagar, no meu tempo, sem pressão ou obrigação. E posso assegurar, ler assim é muito melhor que obrigado, como ocorre com meus pobres vestibulandos. </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Ó, a versão que comprei dessa obra é da Cia. de bolso, cujos livros são mais baratos, têm boa diagramação e páginas amarelinhas que não cansam a visão. Pra todos que gostam de uma esquisitice em primeira pessoa, aconselho buscar os contos na net (são domínio público, não tema os <i>direitos autorais</i>) ou mesmo adquirir a obra, já que é barata e ler em papel é melhor e mais saudável que no browser. </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Vai lendo! Próxima resenha deve ser do Rubem Fonseca, comprei uma pá de livros desse velhote de mente pervertida.</span></div>.guga valente.http://www.blogger.com/profile/18354027499523198469noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2632237738270419458.post-20402903310348965472011-01-20T20:51:00.000-08:002011-01-20T20:51:32.491-08:00gênero novo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhR0dK_71WnmZofpQv4C6EiVqT6ORgWqjWmcNuoqfJ63COgmpEZBDArypEfvPT_erkZVvzns4YAoOgn_0Ju7RF-1bv3eN7kQ4i-z5JkqxronzkjLJfa_iTfczHvj5Fb4ojfBgc2w85mjyY/s1600/guga+perfil.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhR0dK_71WnmZofpQv4C6EiVqT6ORgWqjWmcNuoqfJ63COgmpEZBDArypEfvPT_erkZVvzns4YAoOgn_0Ju7RF-1bv3eN7kQ4i-z5JkqxronzkjLJfa_iTfczHvj5Fb4ojfBgc2w85mjyY/s320/guga+perfil.jpg" width="320" /></a></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Ando escrevendo muito no <a href="http://twitter.com/#profgugavalente">Twitter</a> e pouco por aqui. O fato é que escrever 140 caracteres, hoje, parece mais fácil do que quando ingressei nessa rede social. Com meu olhar contínuo sobre os <a href="http://www.slideshare.net/luciane239/generos-textuais-presentation">gêneros textuais</a>/<a href="http://www.scribd.com/doc/14646373/GENEROS-DISCURSIVOS">discursivos</a>, notei que não só o <a href="http://informatica.hsw.uol.com.br/twitter1.htm">tweet</a> é um gênero novo, análogo aos SMSs (também conhecidos por "torpedos" ou simplesmente "mensagem"), como também a etiqueta que acompanha muitos deles, a chamada <i><a href="http://www.planetatwitter.com/2009/08/o-que-e-e-como-usar-hashtag.html">hashtag</a></i>. </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> A hashtag é também um gênero, mesmo se compondo às vezes por apenas uma palavra. Aliás, o que define um <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Texto">texto</a> não é a quantidade de palavras, frases, períodos, parágrafos que ele possui, mas sua capacidade expressiva e comunicativa, a qual interliga os participantes de um discurso, chamados na produção textual de interlocutores. </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Além de gênero novo, a hashtag é também um gênero pertencente à categoria dos <a href="http://www.infoescola.com/informatica/hipertexto/">hipertextos</a>. Os hipertextos são textos produzidos na internet dada a facilidade de um texto levar a outro nesse ambiente virtual. O hipertexto se mostra na internet por meio dos hiperlinks, palavras sublinhadas e destacadas em <a href="http://www.google.com.br/images?q=azul&um=1&ie=UTF-8&source=og&sa=N&hl=pt-br&tab=wi&biw=1024&bih=643">azul</a> (neste blog, é <a href="http://www.google.com.br/images?um=1&hl=pt-br&biw=1024&bih=643&tbs=isch:1&sa=1&q=vermelho&aq=f&aqi=&aql=&oq=">vermelha</a> a cor). Ao clicar neles, acontece um redirecionamento de página e o leitor é levado a uma outra página (dentro do mesmo site ou não) em que aquele termo destacado aparece também ou onde há uma maior explanação sobre ele.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> No caso das hashtags do Twitter, quando se clica sobre elas, é-se direcionado a uma <a href="http://twitter.com/#!/search/%23GreenDica">coluna</a> dentro do próprio site em que aquela sequência foi usada por outro. No site em questão, esses marcadores são precedidos pelo símbolo #. Assim, quando um participante do Twitter escreve algo com uma etiqueta dessas, ele se junta aos outros que também a utilizaram, independente de segui-los ou não. </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Pra você, leitor, que gosta da rede social que mais cresce no Brasil, participe ativamente na internet. Como disse o <a href="http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/instituto-millenium/2011/01/19/no-brasil-al-gore-defende-%E2%80%9Cinternet-e-democracia%E2%80%9D/">Al Gore</a> (ex-candidato à presidência dos EUA) na <a href="http://www.campus-party.com.br/2011/index.html">Campus Party</a>, a gente tem de aproveitar a internet enquanto ela ainda é um ambiente verdadeiramente democrático (pra mim, <a href="http://www.anarquismo.com.br/">anarquista</a> até), vai saber do futuro... <a href="http://twitter.com/#!/search/%23ficadica">#FicaDica</a></span></div>.guga valente.http://www.blogger.com/profile/18354027499523198469noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2632237738270419458.post-50655888138826127232011-01-06T14:33:00.000-08:002011-01-06T14:33:57.894-08:00primeiro post<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Hoje deu vontade de escrever. Tenho um conto em andamento, tenho que começar a elaborar propostas de redação para o semestre, tenho uma qualificação de doutorado para corrigir. Bastante coisa pra quem está de férias, né? Mas me bateu vontade de escrever. E eu acho que é uma das primeiras vezes que escrevo neste blog sobre.... nada. Eu não tenho assunto nenhum para me motivar a escrever e mesmo assim eu continuo. O que houve com minha preguiça?</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Aliás, tenho uma teoria sobre esse pecado capital. Gula, inveja, ira, avareza, vaidade, luxúria... todas essas coisas você comete. Você é o <i>agente</i> do pecado, portanto, você é o responsável por ele. No entanto, com a preguiça acontece o oposto. Você é <i>paciente</i> da preguiça, ou seja, não é você quem a comete, é ela que te acomete. Assim, os pecados capitais deveriam ser seis ao invés de sete. Porém, o círculo não se fecharia direito, já que sete é um número mágico.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Falando nisso, tenho uma atração maluca pelo <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Sete">sete</a>. Desde sua forma, 7, passando por sua escrita, SETE, a presença dele na data do meu nascimento (17/07/78 - pronto, falei a idade) até todo o misticismo que existe sobre ele ser o número da perfeição. Não sei explicar minha atração por coisas místicas, eu, tão cético quanto mais física leio e mais velho fico.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> E o que seria de nós, me surpreendo me perguntando, e o que seria de nós sem essas básicas contradições? A vida parece mesmo pautada pelos nossos acertos e, sobretudo, por nossos erros. A lógica da contradição está no fato de que, ao nos contradizermos, podemos persistir no ridículo ou tentar consertá-lo. A contradição parece sustentar nossa vida, como nossas duas pernas. Damos um passo a frente (o acerto) e outro passo a frente (o erro). É isso mesmo, o erro é que conduz nossas vidas, tal como o acerto. E tudo isso porque medimos nossa vida partindo do pressusposto da grandeza <b>tempo<i>.</i></b></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Complicado? Também acho. Inclusive, quando o povo da física fala que tempo e espaço estão entrelaçados, e que a gravidade existe e poderia ser verificada quando uma deformação nessa teia espaçoXtempo.... quando o povo da física fala disso, eu dou uma pirada. Sério.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Eu queria escrever mais, bem mais, acontece que eu fui acometido pela preguiça. Estou de férias, então é natural que eu queira fazer nada. Até achei que minha leitura de Poe nas férias ia ser rápida por causa das chuvas que me impedem de sair de casa da quantidade de ócio que eu tenho acumulada. Que nada, to achando tudo meio enfadonho. No próximo conto, o famoso "Gato preto", as coisas devem melhorar.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Tenho que escrever sobre algo sério. Preciso achar um tema sério pra tratar. Estou com vontade de escrever a sério. Já mencionei hoje que estou com preguiça?</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Desconsidere essa tessitura emaranhada. Mas volte nos próximos posts. Valeu.</span></div>.guga valente.http://www.blogger.com/profile/18354027499523198469noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2632237738270419458.post-7342295885026593522010-12-30T17:07:00.000-08:002010-12-30T17:07:51.714-08:00último post<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTSyj_B4Hw_yrC4w3tQT83BpVghOqHtQzounlYZ2aKf9vuNjP5XzyUme-EBDMxUwjBIsmELhbLjhR5l63QukKIQn0KxZzsMrr5VWtbpXRdn2U1dkjCY1vX_-qs5Wq5he0JqSm-MY2L-Mw/s1600/grey+day.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="241" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTSyj_B4Hw_yrC4w3tQT83BpVghOqHtQzounlYZ2aKf9vuNjP5XzyUme-EBDMxUwjBIsmELhbLjhR5l63QukKIQn0KxZzsMrr5VWtbpXRdn2U1dkjCY1vX_-qs5Wq5he0JqSm-MY2L-Mw/s320/grey+day.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><a href="http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://img1.eyefetch.com/p/oj/357959-df327fe8-8ca8-419b-bf65-00bdd0c2023dl.jpg&imgrefurl=http://www.eyefetch.com/image.aspx%3FID%3D357959&usg=__60E_ompnWD5An8oTcrumiz-CPAU=&h=906&w=1200&sz=130&hl=pt-br&start=113&zoom=1&tbnid=0GhsJsdq1k6saM:&tbnh=150&tbnw=215&prev=/images%3Fq%3Dgrey%2Bday%26um%3D1%26hl%3Dpt-br%26biw%3D1024%26bih%3D643%26tbs%3Disch:10,4700&um=1&itbs=1&ei=GCwdTfODEYH6lwf4z62VCQ&iact=hc&vpx=402&vpy=189&dur=2166&hovh=167&hovw=222&tx=149&ty=74&oei=6ysdTfupJ4WBlAfB3JHNCw&esq=10&page=10&ndsp=12&ved=1t:429,r:1,s:113&biw=1024&bih=643">Raios de sol por entre nuvens goianas plúmbeas</a></span></td></tr>
</tbody></table><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Este é o último post. Claro, desse ano. É engraçado, no final do ano somos tomados por uma vontade maluca de fazer listas, resoluções, retrospectivas, promessas e... o ano passa. Bebemos, comemoramos, levantamos nossas taças pro ano que vai nascer. Ouvem-se fogos de artifício, ouvem-se gritos e muitos sorrisos são vistos estampados nas caras; abraços são dados até em estranhos, e os desejos de que o próximo ano seja melhor que o que acabou reinam nos encontros de familiares e amigos. O dia primeiro chega, alguns dias passam. Nós ficamos ainda com aquela sensação de que alguma coisa vai mudar, de que vai ser diferente. Já até iniciamos nossas dietas, determinados como cavalos dispostos em páreos sob jóqueis anoréxicos. </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Depois de quinze dias, mais ou menos, a rotina começa a nos importunar como nunca, e caímos numa onda de descrença tão grande que às vezes chegamos mesmo a deprimirmo-nos. Nada muda. Ninguém morre ou chega à vida em janeiro. Alguns fazem aniversário. Êê. Mas é só mais um ano passando. E que logo acabará, diga-se. Quando nos damos conta de que as coisas continuam como no ano anterior, exatamente como no ano anterior, lembramos da festa que fizemos no dia 31 e o que ficou foi só isto: a festa. Que para alguns é boa (as minhas são sempre ótimas), para outros é triste. Para uns, nem festa há, preferem o <a href="http://www.twitter.com/profgugavalente">Twitter</a> (sinal das mudanças comportamentais); e outros estão demasiado enfastiados das máscaras por trás das quais representamos diariamente em todos os lugares aonde vamos ou onde estamos (inclusive nessas festas), que não há motivo para fazer festa, mas também não têm coragem de puxar logo o gatilho.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Eu anseio por algo sobrenatural, algo realmente diferente. Algo que não sejam apenas os números do calendário. Eu queria na zero hora uma mágica, um toque divino, uma transformação no meu cérebro estando eu consciente (eu sempre estou bêbado nessa hora). Queria olhar pra uma pessoa 23:59 e dois minutos depois ela ser realmente outra pessoa. Sei lá, um cabelo diferente, uma roupa diferente. Uma ideia diferente. Essa mágica, porém, não existe. Gente, é só uma festa no final do ano, a última do ano, só isso. O acordar (do francês <i><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Ano-Novo">réveiller</a></i>) é só de mais uma noite, às vezes maldormida por causa dos excessos alcoólicos e gastronômicos.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> O post parece sombrio, triste, amargurado. Não é. É só uma pequena revelação que tive pensando sobre a festa. E eu gosto dos meus amigos e de festa. </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Mas eu vou de cinza amanhã: pra combinar com o "clima".</span></div>.guga valente.http://www.blogger.com/profile/18354027499523198469noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2632237738270419458.post-70156921248759396592010-11-23T16:37:00.000-08:002010-11-23T16:37:35.998-08:00ufg 2007<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> O tema da redação de 2007 da UFG foi "Há padrões para ser feliz?". Havia, como sempre, três propostas de construção textual:</span></div><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">_ Artigo de opinião</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">_ Carta pessoal e</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">_ Fábula</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Como estou trabalhando esses temas por esses tempos, recebi uma fábula desse tema que eu achei demais. Deem uma olhada nas metáforas criadas pelo minino!</span><br />
<div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-large;"><...></span></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Eram então muito amigos o coelho, a tartaruga e a coruja. Viviam na floresta de modo anarquista, cada um respeitando o seu espaço e fazendo aquilo que lhes coubesse fazer como integrantes daquela comunidade. Tinham leis claras que os impediam de se matar e ainda de garantir a existência dos demais animais. Por isso, viviam em perfeito equilíbrio.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Um dia, porém, mudou-se para a floresta um pica-pau, que além de muito animado e travesso, vinha de um lugar onde a competição imperava sobre o compartilhamento. </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Oi amigos, posso vir morar aqui? Prometo fazer a minha parte livrando das árvores todas as larvas horrorosas que incomodam vocês.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A proposta inicial do pica-pau parecia boa, e os animais acabaram aceitando-o. Exceto a coruja, que olhava de esguelha o animal azul, branco e vermelho.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Com o passar do tempo, o pica-pau criou raízes na floresta anarquista, mas ele não era como os outros animais. Acabava sempre se metendo em bravatas e negociações. Queria sempre tirar alguma vantagem do trabalho dos outros animais e, pela insistência ou pela “esperteza”, acabava conseguindo. Ria escandalosamente em seu tronco depois de mais uma barganha: “Rê-rê-rê-rêêêê-rê”.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Anos depois, tornou-se tão poderoso que tinha montado um negócio de exploração da flora da região onde viviam os animais. Negociava com humanos na cidade que vinham retirar as árvores, a água, os minerais. Ele havia convencido os outros animais de que a abundância desses recursos podia ser explorada sem preocupação. Mas isso não podia acabar bem.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Chegou o momento em que os animais não tinham mais como sobreviver. O pica-pau havia vendido quase toda a floresta e eles morreriam em uma semana. O pica-pau quis dar o fora antes que a floresta sucumbisse de vez, mas percebeu que ali era o último lugar onde ainda havia vida, o resto do mundo já tinha sido engolido pela ganância e exploração. </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Então ele viu o coelho parar de reproduzir, a tartaruga morrer lentamente, a coruja não conseguir mais raciocinar. Olhou para a última poça d’água e, vendo sua imagem refletida, percebeu que o acúmulo de algo que não dava para ele se alimentar, o dinheiro recebido dos homens, não podia ser sinônimo de felicidade e que agora, em seus últimos instantes, ser feliz era apenas viver pacífica e coletivamente com seus amigos. Mas não havia mais amigos, não havia mais floresta, o mundo enfim acabava pelas garras da exploração e da competição desenfreada.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Moral: o dinheiro compra a felicidade, mas ela não é autêntica.</span><o:p></o:p></b></div>.guga valente.http://www.blogger.com/profile/18354027499523198469noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2632237738270419458.post-4166505225462716192010-10-31T20:11:00.000-07:002010-10-31T20:13:00.962-07:00homem dois<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O Homem Duplicado não é, nem de perto, nem de longe a melhor, tampouco pode ser considerada a pior, obra de José Saramago, escritor português que morreu neste mesmo ano em que estamos. Autor de clássicos como Ensaio Sobre a Cegueira, O Evangelho Segundo Jesus Cristo, Jangada de Pedra, entre outros tantos títulos, José Saramago gosta de criar narradores mexericos, que relatam claramente os fatos em longuíssimos parágrafos de várias páginas, poucos pontos e muitas vírgulas, com diálogos intensos e inteligentes marcados apenas pelas maiúsculas e pelos característicos verbos dicendi que indicam a enunciação, ao que alguém poderá perguntar Como é possível entender quem fala o quê, ao passo que o leitor saramaguiano dirá Simples, Como simples, Simples porque cada letra maiúscula indica a fala de um e destoutro, E como entender que se faz perguntas, Perguntas não necessitam ponto, Então o quê, A entonação já lhes basta, E exclamações, Também estas são dispensáveis, O contexto, Sim, sempre o contexto dirá. Também ele, o contexto, dirá para nós nesta obra como é que a epígrafe O Caos É Uma Ordem Por Decifrar, indicado por ser do Livro dos contrários, se resolve na trama pouco convencional, como é característico também na obra de José Saramago, cujos personagens costumam ter nomes curiosos, esquadrinhados por esse narrador que não gosta de fingir subentendidos, já no primeiro parágrafo da maioria de seus livros, repetidos inteiros a cada vez que se faz referência a eles, e neste romance em especial o personagem central se chama Tertuliano Máximo Afonso. Imagine o que é ler esse nome imenso e feio toda vez que o personagem aparece. Este Tertuliano Máximo Afonso é professor de história numa escola secundária, tem um colega professor de Matemática, assim chamado durante toda a trama, uma namorada Maria da Paz, uma mãe Carolina Máximo e um duplicado casado com uma Helena apelidado Daniel Santa-Clara como ator e António Claro na realidade. Há um cachorro também, Tomarctus, o que aliás é outra característica da criação saramaguiana. Tertuliano Máximo Afonso passa por um momento subtil de melancolia, marasmo o qual é notado pelo colega professor de Matemática que lhe indica uma comédia dessas de se ver desinteressado, da qual não se dá muitas gargalhadas, não há muitas acções cómicas, mas ri-se o suficiente para animar os amargores cotidianos. Eis que depois de assisti-lo, Tertuliano Máximo Afonso dorme e acorda no meio da noite como se ouvisse passos, como se houvesse gente a mais em casa onde morava sozinho. Depois de investigada a casa e não se constatar nenhuma presença, observa a fita de Quem Porfia Mata Caça no videocassete e decide rever o filme. A surpreendente matriz da narrativa é que Tertuliano Máximo Afonso encontra no filme um homem igualzinho a si, daí parte em busca de procurá-lo e achá-lo, e o enredo dá voltas arrepiando-se-nos a espinha toda vez que os dois partem para um encontro, seja para medir seus corpos e constatarem a idêntica existência, seja para travarem diálogos cruéis e confusos sobre quem é o duplicado de quem. José Saramago tem algumas manias narrativas que nos arremessam para dentro da teoria literária a qual parece ele próprio ter criado uma para si, como por exemplo narrar longamente fatos curtos e, na mais inesperada de todas as horas da leitura, narrar mil fatos em um curto espaço de linhas, menos da metade de uma lauda da livro. Também é mania pôr o narrador para reflectir sobre o acto narrativo, sobre o que é melhor para o leitor fazer, sobre o que poderá suceder e que não vai, sobre um possível diálogo, sobre filosofia aplicada. Manias que nos ajudam a delinear os motes da obra de José Saramago e entender-lhe a inquietação literária que o fez começar a escrever aos 25 anos de idade, quando publicara seu primeiro romance Terra do Pecado.</span></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://cincodenovembro.files.wordpress.com/2010/03/josesaramago2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://cincodenovembro.files.wordpress.com/2010/03/josesaramago2.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Saramago Duplicado</td></tr>
</tbody></table><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Então, o leitor se vê, no curto capítulo final, duplicando diálogos já antes atravessados, só que agora é como o fado pudesse ser totalmente controlado por Tertuliano Máximo Afonso. Narrativa fantástica intrigante e habilidosa ao desfecho. Recomendada para leitores pacientes e para pacientes leitores.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">p.s.: Pus-me a escrever da forma que o fiz para garantir alguma homenagem ao escritor que aprendi a amar.</span></div>.guga valente.http://www.blogger.com/profile/18354027499523198469noreply@blogger.com0