terça-feira, 23 de novembro de 2010

ufg 2007

       O tema da redação de 2007 da UFG foi "Há padrões para ser feliz?". Havia, como sempre, três propostas de construção textual:
_ Artigo de opinião
_ Carta pessoal e
_ Fábula


Como estou trabalhando esses temas por esses tempos, recebi uma fábula desse tema que eu achei demais. Deem uma olhada nas metáforas criadas pelo minino!
<...>

Eram então muito amigos o coelho, a tartaruga e a coruja. Viviam na floresta de modo anarquista, cada um respeitando o seu espaço e fazendo aquilo que lhes coubesse fazer como integrantes daquela comunidade. Tinham leis claras que os impediam de se matar e ainda de garantir a existência dos demais animais. Por isso, viviam em perfeito equilíbrio.
Um dia, porém, mudou-se para a floresta um pica-pau, que além de muito animado e travesso, vinha de um lugar onde a competição imperava sobre o compartilhamento.
- Oi amigos, posso vir morar aqui? Prometo fazer a minha parte livrando das árvores todas as larvas horrorosas que incomodam vocês.
A proposta inicial do pica-pau parecia boa, e os animais acabaram aceitando-o. Exceto a coruja, que olhava de esguelha o animal azul, branco e vermelho.
Com o passar do tempo, o pica-pau criou raízes na floresta anarquista, mas ele não era como os outros animais. Acabava sempre se metendo em bravatas e negociações. Queria sempre tirar alguma vantagem do trabalho dos outros animais e, pela insistência ou pela “esperteza”, acabava conseguindo. Ria escandalosamente em seu tronco depois de mais uma barganha: “Rê-rê-rê-rêêêê-rê”.
Anos depois, tornou-se tão poderoso que tinha montado um negócio de exploração da flora da região onde viviam os animais. Negociava com humanos na cidade que vinham retirar as árvores, a água, os minerais. Ele havia convencido os outros animais de que a abundância desses recursos podia ser explorada sem preocupação. Mas isso não podia acabar bem.
Chegou o momento em que os animais não tinham mais como sobreviver. O pica-pau havia vendido quase toda a floresta e eles morreriam em uma semana. O pica-pau quis dar o fora antes que a floresta sucumbisse de vez, mas percebeu que ali era o último lugar onde ainda havia vida, o resto do mundo já tinha sido engolido pela ganância e exploração.
Então ele viu o coelho parar de reproduzir, a tartaruga morrer lentamente, a coruja não conseguir mais raciocinar. Olhou para a última poça d’água e, vendo sua imagem refletida, percebeu que o acúmulo de algo que não dava para ele se alimentar, o dinheiro recebido dos homens, não podia ser sinônimo de felicidade e que agora, em seus últimos instantes, ser feliz era apenas viver pacífica e coletivamente com seus amigos. Mas não havia mais amigos, não havia mais floresta, o mundo enfim acabava pelas garras da exploração e da competição desenfreada.
Moral: o dinheiro compra a felicidade, mas ela não é autêntica.