domingo, 23 de março de 2008

desenho


Por trás de muitos dos inocentes ensinamentos, os desenhos animados infantis trazem uma infinidade de símbolos que permeiam nossa vida. Alguns desses símbolos são meras representações do cotidiano. Outros revelam seres vidrados em sexo, perversão, drogas e violência. O tema da violência nos desenhos animados, pra mim, está repisado. Não que não se deva discuti-lo mais, ao contrário, ainda há pano para muitas mangas. E nem é da violência objetivamente (se é que eu consigo ser objetivo...) que eu quero falar.

Eu gostaria de propor aí um tema pra um desses estudantes de semiologia: desenhos animados: sexo, drogas e perversão.

Já prestou atenção ao clássico Thundercats? Um indivíduo chamado Lion, que mais se parece com um freqüentador de bailes funks dos anos 70, anda pra todo lado com uma espada dentro de uma garra presa à cintura. A espada tem até nome: “Justiceira”. A espada, como sugerem vários psicanalistas (inclusive Freud), é um símbolo fálico. Mas num momento de excitação (prazer por violência é um tipo de perversão), Lion faz sua espada aumentar de tamanho em até dez vezes o tamanho original. Qualquer semelhança com o bigulim dos homens não é mera coincidência!

E Popeye, o marinheiro? Viciado em drogas, envolve-se em violência todas as vezes que sua namorada anoréxica e bulímica (distúrbios conhecidos pela busca extrema pelos padrões de beleza impostos pela sociedade) o trai com o fanfarrão – palavra da moda – Brutus, que nunca consegue de fato possuí-la, porque ela o tenta até quando ele beira à loucura e comete delitos, como seqüestrá-la, por exemplo, para tentar algo a força. Ela então chama pelo marinheiro em eterna fase de reabilitação que, não conseguindo enfrentar seus medos sóbrio, utiliza-se de uma substância alucinógena (LSD, chá de cogumelo, Santo Daime, etc.) que o faz sentir-se forte e poderoso. Suas mãos tornam-se marretas gigantes, ele próprio vira um foguete, seu cachimbo dá voltas soltando fogo e mais um monte de efeitos causados pelo abuso de drogas pesadas. Só assim, chapado, consegue enfrentar Brutus.

E o Salsicha, maconheiro que conversa com um cachorro de nome Scooby-Doo e vive na larica?

E a sociedade alternativa dos Smurfs, em que o Estado totalitário é representado por Gargamel e Cruel, seu gato, o aparelho repressor?

E Bob Esponja, o desenho GLBT?

E He-Man e She-Ra, irmãos separados de planetas por cometerem incesto?

Eu poderia traçar inúmeros exemplos aqui de desenhos animados que trazem muito mais do que meras lições de bem X mal. No entanto, eu não vou me ocupar dessa tese. A propósito disso, leiam A psicanálise dos contos de fada, de Bruno Bettelheim*. Tem tudo a ver.

E a sociedade ainda tem preconceito com os travestis, mas seus filhos assistiram aos Cavaleiros do Zodíaco.


* Mas o livro é sério!

2 comentários:

Jess disse...

ah! por outro lado... desde cedo já se entende que na vida tudo é um belo subentendido.
hahahaha

Paula § Danna disse...

Tadinha das crianças, tão inocentes..

Mas só pra constar...

"A alteração do termo GLBT foi mudado para LGBT aprovado na 1ª Conferência Nacional GLBT realizada em Brasília no período de 5 e 8 de junho de 2008."