sábado, 3 de maio de 2008

tempo

Mais uma redação de aluna, dessa vez, uma fábula genial sobre o tempo. Eu sempre digo que fábula em 1ª pessoa não existe. Mas aí vem um ser como a Larissa Ricardo e produz um texto exatamente desse jeito. E não tem como eu dizer que isso não é uma genial fábula. Divirtam-se.

Tempo
Tic, tac, tic, tac ...uma rotação por hora, vinte e quatro rotações por dia, Blem, Blem, muitas badaladas... uma hora, sessenta minutos, cada minuto sessenta segundos... eita vida besta! Ser relógio não é muito divertido. Quando a vida está muito movimentada é quando acontece algum "revertério" em meus órgãos e o grande bípede vem me visitar.
O grande bípede é o meu criador. Nele confio, para ele direciono minhas orações, e vivo. Ele dividiu o tempo, homogeneizando o passado, o presente e o futuro. Fazendo com que a hora de ontem seja igual a hora de hoje, que vai ser igual a hora de amanhã. Foi ele quem acelerou o mundo, ele deu corda e se esqueceu de fazer parar. Depois que ele me inventou ficou escravo de mim. Engraçado, o criador escravo da criação.
O mundo vive na filosofia dos acontecimentos sucessivos e instantâneos. Tem-se que fazer muito em pouco tempo, se for diferente o dia é visto como improdutivo. Veja você diário, quantos dos seus irmãos e irmãs em uma única página são lotados de letras, formando sílabas, que formam palavras que por fim dão origem às frases? Frases estás que descrevem o dia, quantas frases marcadas como tatuagens em suas páginas brancas. Até que você sendo um diário de um relógio de pêndulo não precisa se gastar muito... Minha vida não tem muitos clímaces e tarefas, só tics tacs – e blens blens. A não ser quando eu me meto em filosofia...
Daqui da janela eu sempre observo os animas, sendo eles racionais ou não. Na verdade, eu sempre achei os animais irracionais mais racionais. O Homem vive reclamando, sofrendo, dizendo que não tem tempo, mas ele faz de tudo para que seus dias sejam mais e mais cheios – aquela velha história de não deixar para amanhã o que pode ser feito hoje (papo de mãe). Dessa forma teriam tempo para sair com a família no final de semana. "Não, quero usar os finais de semana para adiantar serviço, tarefas, trabalhos, para que eu possa tirar férias e – agora sim - dar atenção para minha família e meus amigos...". E ele nem sabe se vai viver até as próximas férias. Às vezes penso que essa espécie, a que me criou, está se esquecendo de alguma coisa importante.
Os nossos amigos andorinhas, tartarugas, samambaias, entre os outros todos da floresta parecem preferir viver sem conhecer minha função, alheios a mim. Vivem, inevitavelmente, de acordo com a natureza, num equilíbrio dançante com as galáxias.
- E parecem serem mais felizes assim. – Diz o diário cortando o monólogo.
Moral: A vida é muito efêmera para deixarmos de vivê-la por um tempo.

Um comentário:

Unknown disse...

Viver! Aproveitar os momentos!

Somente isso basta, para se apropriar de belos momentos felizes...