quarta-feira, 8 de julho de 2009

kokakola


Coca-cola, certo? Certo, colou tanto que hoje, se a empresa desaparecesse do mapa, metade do mundo econômico estaria fudido. A multinacional chegou a tal ponto de magnitude, que no mundo inteiro, onde há Coca-cola, sua marca é maior que deus.
Exagero? Você imagine a cena: quatro pessoas sentadas num congresso ecumênico mundial sobre religiões e religiosidade, vindas dos quatro cantos do planeta, sentadas numa lanchonete e discutindo sobre suas religiões. Provavelmente, partindo do pressuposto de que foram pra um congresso ecumênico, respeitariam a religião do outro, mas sempre com aquela certeza interior silenciosa: "o meu deus é melhor que o deles, sem dúvida". Mas veja que ironia, todos eles poderiam estar tomando o refrigerante preto sem que houvesse um segundo de crítica sobre o outro. Simplesmente porque está enraizado em nossa cultura (ouso dizer em nosso inconsciente coletivo) que é apenas um refrigerante. "O que há de mal nisso?"
Bem, eu não sou um expert em problemas mundiais causados por multinacionais. Nem economista pra dizer bem ou mal de uma empresa que, por ser do tamanho que é, deve causar danos irreparáveis a pequenos ou menores empresários ou mesmo a enconomias locais. Tampouco ecologista pra alertar sobre os riscos que empresas dessa monta causam ao planeta, com seu desmatamento, sua retirada de bens não-renováveis da natureza, a poluição causada pelo transporte de seus produtos, a promoção de uma imagem socialmente legal, que, quando se analisada friamente, perceber-se-á cruel e criminosa.
Eu apenas não tomo Coca-cola. Quando parei, há catorze anos, ainda adolescente, eu ouvi que a Coca patrocinava o apartheid na África do Sul. Indignado, prometi a mim mesmo que não poria mais o refrigerante na boca. Nem sei se era verdade. Talvez fosse lenda punk. Bem, o certo é que desde então, a promessa vem sendo cumprida. No entanto, ingênuo que era, tomava Sprite, Fanta, ia a shows (vou ainda) patrocinados por ela, tomei suco, água, cerveja (ainda tomo) distribuída ou que faz parte do conglomerado chamado Coca-cola. Sei o que deve estar pensando: inútil não tomar Coca. É verdade, acho que é inútil.
Porém, acredite-me, existe um prazer asceta em não fazer algo que todos consideram prazeroso e inofensivo. Não tomar Coca-cola pra mim não é difícil hoje. O hábito fez com que eu me esquecesse qual é o gosto do refrigerante. Difícil é as pessoas entenderem isso. "Nossa, como é que você consegue?", "Ta maluco?", "Não dou conta de viver sem" etc. Cansei de ouvir isso nesses últimos catorze anos. E, quer saber, dou a mínima. Não sinto falta, acho que colaborar com a promoção da marca é aceitar tudo o que o sistema impõe. Não vou bancar aqui o anarquista que levanta bandeira. Nem tanto ao mar, nem tanto à praia. Consumo produtos "errados" também, colaboro com um monte de coisa torta que eu nem tenho ideia (como 99% dos consumidores mundiais), mas uma coisa é preciso reconhecer: dessa religião eu não faço parte.
Agora está na moda não só o refrigerante. Está na moda fantasiar-se de Coca-cola. Tenho visto uma multidão de mulheres usando calças (coca-)coladas como se o conteúdo delas fosse o próprio refrigerante. O que é pior? Essas mulheres pagam uma fortuna numa calça dessas pra fazer propaganda pra empresa. Sim, porque andar com a logo da Coca na bunda é fazer propaganda do "lado Coca-cola da vida".
Comecei falando de deus, terminarei. No Brasil, mais especificamente no Maranhão, há um refrigerante cor-de-rosa chamado Jesus. Nem é preciso dizer que Jesus é um sucesso, vivemos num país cristão que assimila bem a imagem divina associada a objetos que possam ser consumidos (isso deve incluir a palavra nas igrejas também, já que dinheiro lá é importante para a manutenção do fiel [ou do pastor, essa frase ficou ambígua!]). Sabe de uma metáfora? A Coca comprou Jesus.
Fim do desabafo.

11 comentários:

Thainara Gomes disse...

Nada "contra" e nem a favor a Coca-Cola, apesar de estar na luta pra parar de toma-la. Acho ridiculo a mulherada que usam as calças e blusas da coca-cola, mostram que pessoas fúteis e geralmente facilmente levadas pela opinião da grande massa.
Ouvia muito falar desse tal Guaraná Jesus, movida pela curiosidade resolvi provar. Quando coloquei na boca me veio na cabeça umas imagens de barraquinhas nordestinas em que vendiam cordas, artesanatos e FUMO, senti um cheiro fortissimo de fumo... Alguns de meus amigos fanáticos por guaraná Jesus não gostaram do que disse, mas fazer o que né?!

Paula § Danna disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jéssi disse...

'A coca comprou Jesus'...Putz,não dá pra acreditar. Fiquei triste agora, porque conheci Jesus há muitos anos, e acho o sabor até melhor que o da Coca. Me lembra infância, de cor alegre radiante. Algo que é nosso, não comprado, não forjado. Típico.E foi comprado mais um produto da nossa identidade. Nada dura muito tempo. Nos devoram, nos massificam, nos aprisionam. Eu realmente queria que nascesse em mim alguma esperança pra lutar contra tudo isso. Mas sabe, nada dura muito tempo. Não quero fazer algo inútil. Precisava mesmo saber que conseguiria ajudar de alguma forma, mas não sei como agir. Não sei como me livrar de toda essa culpa e falta de esperança.

B.P.O.S. disse...

Guga (risos). É sempre muito interessante ler seus "posts" e gostei também destes comentários. Mas você me conhece (acho que conhece kkkk')e sabe que sou a favor do sistema, se é assim que se pode dizer. Sua opinião, de certa forma, não toma nenhuma posição, mas mostra sua indignação contra as "multinacionais" e o seu maior símbolo - A COCA. Ah, seu sabor é incrível. Um sabor que NENHUMA empresa conseguiu imitar ou fazer melhor. Pois é! Eu imagino o que seria de nós sem as multinacionais. Em que época elas não existiam? Século XV? Não posso afirmar, mas sei que não gostaria de viver em um tempo tão remoto e retrogrado. Urghh. Sei que as grandes empresas trazem problemas, que só estão atrás do lucro e blá blá blá. Mas nós somos frutos delas. Essa é a mais pura verdade. E (Ohhhh) elas não trazem só coisas ruins. A evolução tecnológica é fruto delas. Tá, a Coca-Cola financiou o apatheid e fez outras coisas imundas (risos). Pensar assim é renegar que o homem sempre foi malpor natureza e nunca precisou de uma marca internacionalmente famosa para fazer coisas ruins, como por exemplo, a escravidão. É bonito "fazer a coisa certa"? É. Mais é inútil. Logo não é a coisa certa. Ahh. Não me chame de cético. Mas só há uma forma de acabar com o sistema: fazendo parte dele. Bem isso 100% da população já faz. Só que mais que isso, você deve aceitá-lo, porque o sistema é uma selva. Reina o mais forte. Mas a questão é: quando você for o mais forte você vai querer acabar com ele? O poder "nos vira a kbeça". Nos deixa perdido por ele. É, eu acho que isso nunca vai acabar. Ainda bem que não pois, como muitos já te disseram, o que seria de mim sem a Coca?

Eduardo Mesquita disse...

Eu quase não consumo refrigerante, se não puder tomar cerveja prefiro suco ou água (apesar de achar que água é meio nojento porque peixes transam dentro daquilo!). Quando tomo refrigerante prefiro guaraná ou Pepsi, acho menos gasosa que a "grande satã" Coca.
Mas contrariando a ideia sinistra da Coca comprando Jesus, precisamos atentar ao fato de que a Coca só comprou Jesus porque cansou de apanhar do mesmo. A Coca nunca conseguiu vender mais que Jesus no Maranhão, e só conseguiu impor seu poderio limitando a produção do refrigerante cor-de-rosa feito de canela. SIm, é isso mesmo! Jesus é feito de canela, a substância mais porca e fedorenta da existência! E ainda assim tem gosto de tutti-frutti! hahahahahaha
Enfim... Jesus é mais! Jesus é ducaralho!

.guga valente. disse...

B.P.O.S. não o conheço, sério. Mas até gostaria, porque acho que senti a mesma coisa que vc (quando leu o meu texto) quando li seu comentário. Realmente seria uma discussão interessante. Por que não marcamos um café? abraços (e risos)

Unknown disse...

Uau! Que orgulho que eu tenho de ser sua amiga! Adorei o texto. Ah! Aliás, eu já aceitei Jesus!...Quando fiz primeira comunhão e depois quando fui pro Maranhão! Ih! Que riminha mais brega. Risos.
Bibila

B.P.O.S. disse...

Nem rola, ando ocupado. Mas aproveitando o tema "sistema", eu qria falar um puco doq aconteceu comigo. No colégio onde estudo tá ocorrendo um festival de curta-metragens. Cada sala vai fazer dois. Eu tive genericamente dois problemas. O 1º foi quando eu criei a história e o não teve muita aceitação do grupo. Então o cordenador deu 1 ideia. Isso tira um pouco da criatividade o escritor, mas tudo bem, adaptei ao meu jeito. Depois ele e um professor foram analisar nossa história. Poft! Adoraram a ideia. Mas só a ideia que o cordenador havia dado. O resto tera de ser excluido. Na vdd não eh obrigatorio, mas nesse "mini-sistema" so ha dois caminhos: ou eu continuo c/ minha originalidade e perco ou eu aceito a ideia dos dois. Ai me falam de ñ entrar no sistema, mas como??? O pior vai ser se nos ganharmos como melhor historia.Pq a historia não eh minha, eh dos outros. Complicado né? Tambem acho.

Wesley Souza Brandão disse...

Fiquei sabendo mesmo, a coca comprou J'sus(o refrigerante), dizem que por la e o maior sucesso, Viva o Guarana Jesus, o lado fiel da vida.

B.P.O.S. disse...

kkkkk' Trela do comentário acima... Cade + posts Guga? Esperanu :D

Jéssi disse...

Atualizar blogs é para fracos, só pode. ¬¬